Dólar alto derruba comércio em Salto Del Guairá. 60% dos trabalhadores já foram demitidos

O dólar registrou na última semana a maior cotação desde a criação do Plano Real, em 1994, ultrapassando a barreira dos R$ 4. Para quem não depende diretamente da moeda norte-americana, a marca histórica pode não ter muita importância. Contudo. Essa valorização tem causado muitos prejuízos em Salto del Guairá, cidade do Paraguai na divisa com Guaíra, que vive do turismo de compras.
Conhecida por atrair pessoas de várias regiões do país, que se deslocam para a pequena localidade paraguaia em razão do turismo de compras, a cidade vem amargando desde o ano passado muitos prejuízos financeiros. Na semana passada, lojistas trabalhavam como a cotação aproximada de R$ 4,05. Isso, por si só já afasta os turistas. Porém, se não bastasse ainda existe outro cenário negativo para os paraguaios: a economia brasileira está em recessão.
O prefeito de Salto del Guaíra, Eduardo Paniagua Duarte, revelou dados preocupantes: pelos menos a metade dos trabalhadores da cidade já foram demitidos. E de que forma isso afeta o Brasil? Simples, muitas destas pessoas são brasileiras e, sem emprego no Paraguai, retornam ao país de origem em busca de novas oportunidades, mas nem sempre encontram as portas abertas para um novo trabalho.
De acordo com o prefeito, o movimento no comércio está muito parado. “As lojas estão fechando e muitas pessoas estão saindo da cidade. Os turistas não estão vindo mais. É uma crise que está afetando muito o Paraguai” – salientou.
O prefeito estima que o movimento no comércio da cidade tenha caído de 60 a 70%. “Tem lojas que não vendem nada há tempo”, comenta, completando: “Pelo menos a metade dos trabalhadores já foram demitidos. Há shoppings, como China, Mercosul, Mapy, que estão trabalhando no prejuízo. Tem funcionário que trabalha 15 dias ao mês e com isso ganha menos, mas assim não perde o emprego” revela.
“Os aluguéis baixaram pelo menos 60%. Funcionários das lojas estão dividindo a mesma casa. Duas, três pessoas morando juntas para dividir as despesas”, menciona, ressaltando que essa tem sido uma forma encontrada para economizar dinheiro”, “Em torno de dez mil funcionários já perderam seus empregos”, frisa.
Conforme Duarte, essa é uma das piores crises vividas nos últimos anos. Ele lembra que outras cidades que vivem do turismo de compras, como Cidade Del Este, que faz fronteira com Foz do Iguaçu, e Pedro Juan Caballera, na fronteira com Ponta Porã (MS), vivem situações semelhantes devido ao memento econômico.
Em Guaíra
Salto del Guairá, no Paraguai, e Guaíra, no Paraná, são dois municípios separados pelo Rio Paraná. Embora não haja dados oficiais que tratem de que forma a crise está afetando o município Paranaense, o prefeito Fabian Vendruscolo menciona que inevitavelmente a cidade acaba sendo impactada de alguma forma, pois havia guairenses que trabalhavam ou ainda trabalham no comércio paraguaio. Com as dificuldades, muitos ou perderam emprego ou tiveram redução salarial.
Questionado se na contramão da realidade paraguaia as empresas de Guaíra têm sentido uma melhoria nas vendas, tendo em vista que muitos turistas e até munícipes tem deixado de ir ao Salto del Guairá, Fabian é enfático: “O dólar está alto lá, mas por outro lado há a crise econômica aqui” – ponerou. “Há alguns setores, como de alimentos, que nestes casos são beneficiados, pois há uma inversão e os paraguaios vêm comprar no Brasil. Produtos de gêneros alimentícios é um setor que posso dizer que houve aumento da comercialização para paraguaios” – revela. (O Presente).
PUBLICIDADE:
AMAMBAY EMPENHO