Dilma sobe o tom contra Bolsonaro e diz que ‘o coiso é a barbárie’

Petista diz que a descrença na política alimenta “um salvador da pátria, que salva chutando e destruindo” em vez de construir “uma sociedade de respeito
Dilma sobe o tom contra Bolsonaro e diz que ‘o coiso é a barbárie’
© Reuters / Pilar Olivares
POR FOLHAPRESS

POLÍTICA DISCURSO

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), candidata ao Senado em Minas, subiu o tom contra Jair Bolsonaro (PSL) em discurso num evento de campanha nesta segunda-feira (24), chamando-o de “coiso”.

“No dia 7, estamos disputando o momento mais delicado da vida política do Brasil. Tem um confronto entre civilização e barbárie, e nós sabemos que o coiso é a barbárie. O coiso é negar todos os direitos que nós conquistamos nas últimas décadas”, disse.

Segundo a petista, a descrença na política alimenta “um salvador da pátria, que salva chutando e destruindo, destilando ódio” em vez de construir “uma sociedade de respeito, em que o preconceito não opera”.

A ex-presidente também rejeitou a ideia de que a esquerda seja o lado radical, lembrando a ditadura militar. “Muitas pessoas questionam dizendo que nós radicalizamos, que nós somos aqueles que não querem o entendimento e a compreensão. Primeiro, porque não há muito diálogo entre o pescoço e a forca. A nós eles não trataram de forma democrática. A nós eles trataram de forma autoritária excludente.”

Dilma ainda defendeu a democracia. “Não estamos indo pra vingança nem para a revanche. Estamos indo para a vitória. […] Na vitória, você quer reconstruir. Sem democracia nós não vamos avançar em nenhum processo. Ela é pré-condição. Para que a gente possa ter um convívio que não passe pelo ódio destilado pela extrema-direita”, afirmou.

Ao mirar Bolsonaro, a petista entra no movimento de mulheres e intelectuais que se insurgiu contra o candidato do PSL nos últimos dias. Mas ela não abandonou os alvos preferenciais, os adversários do PSDB. Em Minas, Antonio Anastasia (PSDB) está à frente do governador Fernando Pimentel (PT) na intenção de voto, segundo o Datafolha.

A ex-presidente ligou os tucanos a Bolsonaro. “O fato mais grave que a gente deve atribuir aos tucanos é ter permitido o surgimento de uma extrema-direita e seus filhotes: todos os MBL, os Vem Pra Rua.”

Na saída do evento, porém, Dilma não quis tirar uma foto ao lado de um cartaz que estampava a cara de Bolsonaro. O pedido veio de uma jovem, que explicou se tratar de uma imagem contra o presidenciável. A ex-presidente preferiu a precaução, jogou o cartaz fora e disse: “Até eu provar que é contra ele”.

CIVILIDADE

Também sobraram críticas ao presidente Michel Temer (MDB). “Ontem em uma entrevista do presidente usurpador, ele disse que vai apresentar a reforma da Previdência novamente, como se ele tivesse espaço para fazer isso, a não ser que o coiso seja eleito”, afirmou, sendo interrompida por um sonoro “ele não” da plateia.

Dilma discursou em um evento contra o racismo, que reuniu jovens negros, lideranças e candidatas negras do PT na região central de Belo Horizonte. A ex-presidente defendeu igualdade de oportunidades e criticou a morte de negros e mulheres.

“O nível de civilidade da elite brasileira é bem baixo. A forma privilegiada de controle social é a violência”, disse.

NOVA GAFE

Em nova gafe, Dilma errou o nome de seu candidato a segundo suplente, Arnaldo Godoy (PT), que estava no palco. Chamou o petista de Aguinaldo, pedindo desculpa ao ser corrigida pelo público.Durante a campanha, a petista já errou o nome da ex-BBB Mara Telles e se confundiu ao lado de Fernando Pimentel (PT) e Fernando Haddad (PT), dizendo que havia dois Haddads no lugar de dizer que eram dois Fernandos.