De R$ 4,49 a R$ 6,45: Entenda o que causou a disparada do preço da gasolina em MS

Petrobras, ICMS, dólar, etanol: saiba o impacto de cada um e se há um culpado pelo preço nas alturas

Um dos vilões no orçamento dos sul-mato-grossenses é a gasolina, que tem ficado mais cara a cada semana. Somente neste ano, o preço disparou de R$ 4,49 a até R$ 6,45 em Mato Grosso do Sul. Na Capital, onde os preços costumam ser mais baixos que no interior, já tem posto com gasolina a R$ 6,09. Mas, afinal, quem é o culpado pela disparada do preço do combustível?

Para entender por que a gasolina ficou tão cara, é preciso compreender como é feita a precificação. A questão é que não há somente um fator que pesa no preço do combustível, as causas vão desde a crise política na pandemia até o custo do etanol.

O gerente do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul), Edson Lazarotto, explica que a Petrobras calcula os preços nas refinarias com base na cotação do Petróleo e na taxa de câmbio, já que a commodity é cotada em dólar. 

“Neste sentido, a valorização da moeda americana, acumulada em 1,55% em 2021, também forçou para cima os preços da gasolina. Somente neste ano, a Petrobras aumentou nove vezes”, explana Lazarotto. 

O gerente do sindicato comenta que a desvalorização do real é outro motivo para a disparada nos preços nos postos de combustível. Para ele, a desvalorização ocorre por motivos externos e internos, como a incerteza sobre o futuro da pandemia, o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e a instabilidade política. 

Um terceiro ponto que influencia no preço para os motoristas é o etanol. A gasolina vendida nos postos é uma mistura de 73% de gasolina e 27% de etanol anidro. 

“Somente o anidro aumentou 5,8% e no ano, a variação já chega a 56,5%. As razões para este aumento são o resultado da safra de cana de açúcar, que está abaixo da produção no ciclo anterior, e uma crise hídrica, já que uma das culturas mais afetadas é da cana, quando ocorreram grandes perdas com a seca e a geada”, aponta Lazarotto. 

ICMS pesa no preço da gasolina: verdade ou mito? 

O presidente Jair Bolsonaro tem culpado os governadores pela alta no preço da gasolina. Bolsonaro aponta que se os governadores baixassem o imposto, a gasolina sairia mais barata.

“O preço [da gasolina] não está alto. O que pesa é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o grande problema é a ganância. É um crime o que acontece, um assalto explícito em cima do consumidor”, disse, em entrevista.

O gerente do Sinpetro-MS explica que o ICMS em Mato Grosso do Sul tem uma alíquota de 30% sobre o preço médio dos combustíveis, mas em outros estados, a alíquota chega a 34%. “Influencia no preço final para o consumidor, mas é importante ressaltar que o Governo [do Estado] há mais de seis quinzenas não altera sua pauta dos preços médios, o que deu um fôlego nos preços atuais”.

Com o congelamento da pauta fiscal da gasolina, que é o preço médio ponderado que serve de referência para a cobrança do ICMS, foi possível controlar um pouco o aumento no preço do combustível. 

O que compõe o preço da gasolina? 

O Sinpetro-MS explicou como é composto o preço da gasolina. Confira:

  • 33,7%: Preço do produtor (Petrobras)
  • 14,8%: Etanol
  • 12,5%: Tributos federais (PIS, COFINS, CIDE) 
  • 30%: Tributos estaduais (ICMS)
  • 9%: Margem de distribuição e revenda