Com coronavírus, economia global deve ter pior desempenho desde a Grande Depressão de 1901, diz FMI

Para o Brasil, o FMI estima que o PIB deste ano vai encolher 5,3%. Se a nova previsão do Fundo se confirmar, o país deve colher o pior desempenho econômico desde 1901, pelo menos.

Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1

14/04/2020

A pandemia de coronavírus vai levar a economia mundial a registrar em 2020 o pior desempenho desde a Grande Depressão de 1929, segundo relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (14). O órgão passou a estimar que o Produto Interno Bruto (PIB) global deve recuar 3% – a previsão anterior era de alta de 3,3%.

No caso do Brasil, o FMI prevê que o PIB deste ano vai encolher 5,3%. Antes, a expectativa era de alta de 2,2%. Se a nova previsão do Fundo se confirmar, a economia brasileira também vai alcançar uma marca bastante negativa: será o pior desempenho econômico desde 1901, pelo menos.

Por ora, as projeções do FMI para a economia brasileira estão mais pessimistas que as do mercado financeiro local. No relatório Focus, do Banco Central, divulgado na segunda-feira, os analistas estimam uma queda de 1,96%.

Todas as recessões do Brasil — Foto: Economia G1
Todas as recessões do Brasil — Foto: Economia G1

Todas as recessões do Brasil — Foto: Economia G1

Para conter a pandemia do coronavírus, vários países estão paralisando as atividades econômicas consideradas não essenciais e promovendo o isolamento social. A última recessão global foi observada em 2009 diante dos efeitos da crise financeira internacional.

“É muito provável que este ano a economia global experimente a sua pior recessão desde a Grande Depressão, superando a que foi observada uma década atrás durante a crise financeira”, informou o fundo no relatório World Economic Outlook.

Mundo em retração — Foto: Economia G1
Mundo em retração — Foto: Economia G1

Mundo em retração — Foto: Economia G1

A crise deve ser mais severa nas economias desenvolvidas, segundo o FMI. A projeção é a de que os país mais ricos tenham uma retração na atividade de 6,1%, enquanto a atividade dos países emergentes e das economia em desenvolvimento deve recuar 1%.

Nesse período de crise provocada pelo coronavírus, o Fundo ressalta que são necessárias medidas de estímulo fiscal e monetário para manter a estrutural financeira global e, dessa forma, garantir que os trabalhadores tenham acesso a bens e que as empresas possam superar a recessão.

“A magnitude e a velocidade do colapso da atividade econômica que se seguiu à pandemia de covid-19 é diferente de tudo o que ocorreu em nossas vidas. E há uma incerteza substancial sobre seu impacto na vida e nos empregos das pessoas”, afirmou a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath.

Previsões para 2020 — Foto: Economia G1
Previsões para 2020 — Foto: Economia G1

Previsões para 2020 — Foto: Economia G1

Expectativa é de retomada

Embora o quadro para a economia seja bastante negativo neste ano, o FMI projeta uma recuperação no próximo ano com a expectativa de que a pandemia do coronavírus seja superada. O PIB global deve avançar 5,8%.

A melhora deve ser liderada pelas economias em desenvolvimento. No ano que vem, o Fundo estima que o PIB dos emergentes vai aumentar 6,6%, enquanto as economias emergentes devem avançar 4,5%.

“A quarentena, o lockdown e o distanciamento social são medidas importantes para retardar a transmissão (do coronavírus), dando ao sistema de saúde tempo para lidar com o aumento da demanda por seus serviços e para os pesquisadores tentarem desenvolver terapias e uma vacina”, pontuou o Fundo.

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“Essas medidas podem ajudar a evitar uma queda ainda mais grave e prolongada na atividade e preparar o terreno para a recuperação econômica”, acrescentou.

Para o Brasil, o avanço esperado em 2021 é de 2,9%.

“Existem razões para otimismo, apesar das circunstâncias terríveis”, disse Gita Gopinath. “As rápidas e substanciais ações de política econômica adotadas em muitos países ajudarão a proteger pessoas e empresas, prevenindo um prejuízo econômico ainda mais severo e criando as condições para a recuperação.”