Cláudia Cruz pode fazer Cunha delatar seus sócios e implodir o governo Temer

(*) Kiko Nogueira

A Lava Jato tem nas mãos um motivo para Cunha falar: sua família.

A boa vida de Cláudia Cruz está nos autos, bem como da filha de Cunha, Danielle, cujo casório no valor de 266 mil reais, suspeita-se, foi custeado com propina.

“Embora a questão ainda mereça maior aprofundamento, resta claro que o dinheiro usado para o pagamento do casamento de Danielle Cunha era proveniente de crimes contra a administração pública praticados pelo seu pai”, afirmam os investigadores.

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A negociação para livrar as duas de penas em regime fechado pode servir como um “incentivo” para Eduardo Cunha abrir o bico.

Foi o que fez o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O depoimento da filha dele, Ariana Bachmann, a Moro é dramático. “Tenho certeza que se meu pai pudesse voltar atrás, ele não teria cometido todos esses erros porque nada disso compensou”, falou.

A mulher, as duas filhas e os genros de Costa colaboram na investigação. No rol de benefícios da delação, inclui-se a “substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos caso condenados”.

Segundo os procuradores, Cláudia foi favorecida, por meio das famosas contas na Suíça, com cerca de 1,5 milhão de dólares originários dos malfeitos de Cunha. Ela responde por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Das extravagâncias conhecidas, Cláudia desembolsou 60 mil dólares por aulas de tênis com o célebre professor Nick Bolletieri, de Palm Beach, treinador, entre outros, de André Agassi e Sharapova.

Seu depoimento para Sérgio Moro foi marcado para 16 de novembro. E se ela falar? E se ela resolver entregar tudo o que sabe de todos os amigos de Cunha?

Cláudia correria o risco de virar uma versão brasileira da figura da “esposa silenciosa”, instituição da máfia siciliana que resiste à modernidade.

Muitas das senhoras de mafiosos que romperam o silêncio e denunciaram os maridos tiveram um triste fim. Em 1995, quando a Operação Mãos Limpas sacudia a Itália, Vincenzina Marchese, esposa do chefão Leoluca Bagarella, sumiu logo após a detenção dele.

Deixou um par de pantufas ao lado da cama e, na penteadeira, junto a um vaso de flores e ao bonito retrato de casamento dos dois, foi encontrada uma nota.

O bilhete dizia o seguinte: “Meu marido merece uma estátua de ouro. Luca, a culpa é toda minha. Me perdoe”. A polícia nunca descobriu o que houve com ela.

Dificilmente Cláudia terá o mesmo destino de Vincenzina. Sem contar que, apesar de todo o amor, ela não deve achar que Eduardo mereça uma estátua de ouro.

(*) Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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