Bolsa sobe 7,4% na semana e dólar recua 6%, para R$ 5,39

O dólar caiu 2,84% nesta sexta, a R$ 5,388, menor valor desde 18 de setembro e sua maior desvalorização diária desde 28 de agosto.

Nesta sexta-feira (6), o índice brasileiro subiu 0,17%, a 100.925 pontos, maior patamar desde 26 de outubro.


“Após intensas altas nos dias anteriores, é natural que os investidores, principalmente em meio ao elevado clima de incerteza econômica, promovam uma realização de lucros. Com as eleições nos EUA praticamente resolvidas, elimina-se um dos principais pontos de incerteza responsável pelo elevado nível de volatilidade ao longo dos últimos meses”, diz Ribeiro, analista da Clear.


Já o dólar caiu 2,84% nesta sexta, a R$ 5,388, menor valor desde 18 de setembro e sua maior desvalorização diária desde 28 de agosto. Na semana, a moeda americana acumulou queda de 6%, a maior desde junho. O turismo está a R$ 5,54.


Neste período, o real foi a moeda que mais se valorizou no mundo, ganhando 6,84% desde a última sexta (30), bem à frente da segunda colocada, a coroa tcheca, que teve um salto de 4,6% no período. De pior moeda no mundo neste ano, o real já alçou a sexta colocação, com desempenho melhor que a lira turca, por exemplo.


Nesta sexta, o ministro Paulo Guedes (Economia) adotou um tom positivo em relação à economia e disse que o país já voltou à agenda de reformas, além de denfer privatizações, a redução da dívida em relação ao PIB [Produto Interno Bruto] e a manutenção do ajuste fiscal.


Além disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a defender a aprovação da reforma tributária e disse que ela pronta para ser votada, inclusive com maioria para aprovação. Ele também que o debate da reforma administrativa deve começar na próxima semana.


“A questão agora é esperar para ver se as sinalizações positivas serão concretizadas e caso avançem devem finalmente destravar o Ibovespa, assim como devolver boa parte do prêmio que está implícito na curva de juros, o que acaba beneficiando o mercado de renda variável”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.


Nos últimos meses, o cenário doméstico tem sido motivo de preocupação para os mercados financeiros que, além de descontentes com o atraso na entrega das reformas estruturais, que consideram essenciais, temem que o governo fure seu teto de gastos de forma a financiar um pacote de auxílio em resposta à pandemia de Covid-19.


Apesar da forte desvalorização dos últimos dias, o dólar ainda acumula salto de 34% contra o real em 2020, tendo sido impulsionado também por um ambiente de juros extremamente baixos, que levam investidores a saírem do país.


Já o índice DXY, que mede a força internacional da moeda americana caiu 1,85% desde a última sexta, em sua pior semana desde março, a 92,3 pontos, menor patamar desde o fim de agosto.


Segundo especialistas, dois fatores explicam o movimento: o primeiro deles é a tradição democrata de ampliar gastos do governo federal para impulsionar a economia. O segundo é a definição de um vencedor que não tem maioria na Câmara e no Senado, o que dificulta mudanças mais abrangentes na legislação do país.


Além disso, “uma presidência do democrata poderia ser positiva para o sentimento de risco global. O comportamento [de Biden] não é errático, volátil e imprevisível”, disse Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos em alusão ao posicionamentos polêmicos do atual presidente dos EUA.


De acordo com analistas, uma vitória de Biden pode ser positiva para mercados emergentes devido à maior probabilidade de aprovação de estímulos fiscais e às perspectivas de uma política comercial mais aberta na maior economia do mundo.


Apesar da contestação da apuração por Trump, investidores continuam a se desfazer do investimento em dólar como proteção ao cenário conturbado de pandemia e eleições e migram para outros ativos, como ações.