Artigo: Governo Temer: “capota, mas não breca”

É por essas e outras que o eleitor precisa aprender a eliminar determinadas figuras da política brasileira.

Por: Tião Prado

 

 

O governo “vale-tudo” de Michel Temer ‘capota’ mas não ‘breca’. O incompreensível para os ‘pobres mortais’ é o “porquê” de tanta insistência no nome da deputada Cristiane Brasil para comandar o Ministério do Trabalho.

Filha do ex-deputado federal e atual presidente do PTB, Roberto Jefferson, figura das mais conhecidas do mundo da corrupção brasileira, homem público que tem no seu currículo condenação de 7 anos e 14 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal que ficou conhecida como “Mensalão”, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ansioso para emplacar Cristiane no Ministério e sacramentar de vez todos os votos do PTB na votação da reforma da previdência em fevereiro, o governo tem feito de tudo para agradar Roberto Jefferson, que diga-se de passagem, outro dia chegou a chorar na frente das câmeras de televisão ao falar da filha ‘quase’ ministra. Lágrimas de crocodilo.

Na base do tudo pode, o agora ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, soltou mais uma das suas ‘pérolas’ esta semana ao afirmar não considerar imoral a indicação para o comando do Ministério do Trabalho alguém que sofreu condenação trabalhista, no caso a deputada Cristiane Brasil. Preste bem atenção caro leitor sobre o que Marun disse: “Eu não considero nem amoral nem imoral todos aqueles que, em algum momento de suas vidas, principalmente aqueles que são empregadores, perderam ações na Justiça do Trabalho. Não considero essas pessoas, a principio, nem imorais nem amorais”.

E sabe que ele, Marun, tem até um pouco de razão. A qualquer momento qualquer cidadão que se torne empregador pode ser acionado na justiça por alguém que possa sentir os seus direitos violados. É direito do trabalhador, assim como é direito do patrão se defender e da justiça mediar os conflitos.

O que não se pode aceitar é patrão mesmo condenado não aceitar pagar as indenizações, como é o caso da pretensa ministra de pai ‘chorão’. As reclamações trabalhistas às quais foram respondidas por Cristiane Brasil dizem respeito a falta de pagamento de horas extras, férias, 13º salário, FGTS e verba rescisória na demissão.

Ela não teria pago horas extras para os seus empregados que ficavam até 12 horas por dia no trabalho. Talvez seja por isso que ela e os colegas dela do PTB votaram a favor da reforma trabalhista e apoiaram o governo de Temer ao trazer de volta à cena brasileira o trabalho análogo ao de escravo.

Não é fácil, mas caso ocorra desistência do nome da filha de Roberto Jefferson, o principal cotado para substituí-la é o deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS), que em 2009 causou polêmica ao dizer que estava “se lixando para a opinião pública”.

É por essas e outras que o eleitor precisa aprender a eliminar determinadas figuras da política brasileira. Quando o tema central do debate é “Moral” o melhor mesmo é chamar qualquer um para abordar, menos político. Eles não sabem o significado desta simples palavra do vocabulário brasileiro.

*Edilson José Alves

Jornalista