Aos 84 anos, queijeiro de MS elogiado até por Bolsonaro diz que ainda trabalha como “moleque”

Há 19 anos, Álido Brun, proprietário rural em Paraíso das Águas, iniciava um sonho, o qual sabia que iria ser carregado de desafios. Transformar a atividade de vender queijos que ele apontava como “pior profissão” no campo, para “melhor profissão”.  Aos 84 anos, Brun vê seu negócio “deslanchar” após conquistar ampla clientela, ganhar elogios recentemente até do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e receber a notícia da legalização da comercialização de queijos artesanais em todo o país e no exterior. 

A lei 13.860, de 2019 foi aprovada no dia 19 passado e diante da pauta, senadores levaram queijos artesanais à Brasília para degustação. Após opiniões positivas sobre o queijo de Brun, a senadora Soraya Thronicke (PSL) levou o produto para a degustação, o qual recebeu elogios do presidente. 

Informado sobre a aprovação de Bolsonaro, o queijeiro o enviou outro produto de sete quilos de presente, e se diz surpreso com a repercussão. 

“Após as divulgações de que meu queijo foi aprovado em Brasília e pelo presidente, meu celular não para de tocar, para entrevistas e pessoas querendo revender”, conta. 

Mas, chegar a tal nível de reconhecimento do produto, não foi uma tarefa fácil, como conta o produtor. Em 1980, ele chegou em MS, vindo do Rio Grande do Sul e, após trabalhar com cultivo de uva, investiu nos queijos. 

No ano de 2000, conquistou a propriedade em Paraíso das Águas, contando com incentivo do projeto de loteamento do Incra (Instituto Nacional da Reforma Agrária). A propriedade em que logo pela madrugada, Brum acorda junto com a filha para iniciar a produção, fica localizada na BR-060, km 54, em Paraíso das Águas, distante aproximadamente 500km de Dourados. 

Ele cita que conta atualmente com pouco mais de 100 vacas leiteiras e que o cuidado para o queijo, começa deste estas. 

“São 50 detalhes para meu queijo, desde a raça da vaca, o que ela come, qualidade de fabricação, higiene e por aí vai”, diz. 

Porém, a “receita” que virou sucesso não foi alcançada do nada. Foram anos de trabalho para ser fixada. 

“Eu fui descobrindo o produto que eu queria alcançar com o tempo. Calculo que gastei mais de 100 mil litros com experiências erradas, mas nunca pensei em trocar de caminho, eu sempre soube onde queira chegar”, ressalta. 

A produção que chega a cerca de 30 kg do produto por dia, deve ser ampliada para 200 kg nos próximos meses. Para isso, Brun conta que contratará mais pessoas, porém, por enquanto ainda não pretende vender ao exterior e outros estados, sendo que dará preferência para atender a região, por possuir muitos pedidos. 

Abrir uma fábrica maior não está nos planos do produtor, que afirma prezar pela “qualidade”, não quantidade, e acredita que na meta estabelecida, manterá a receita e acompanhará de perto a produção. O preço médio do quilo do queijo Brun, é de R$ 60.

“Até hoje eu produzi para sobreviver. Meu ponto é longe da rodovia, não é muito fácil das pessoas me encontrarem, produzia mais para a região, para aqueles que já conhecem mesmo meu queijo. Agora será diferente, mais pessoas vão poder conhecer meu queijo. Estou muito feliz e mesmo com a minha idade, tenho a disposição de um moleque para trabalhar muito ainda”, pontua. 

O queijo meia cura tradicional de Paraíso das Águas deverá ter “franquias” em breve. A duração do produto é de 15 dias a um ano. 

Brun conta que o Ministério da Agricultura sinalizou que fornecerá a seu produto o selo de identificação geográfica de “único no mundo” e fala sobre o reconhecimento. 

“Foi persistência nesses anos, com entusiasmo sereno. O ser humano tem um poder infinito na mente e precisa usar no caminho para chegar onde quiser”.  DOURADOSNEWS