Ação da polícia na Maré termina com uma tonelada de maconha apreendida

RIO e PARACAMBI – A operação do Batalhão de Cães (BAC), da Polícia Militar, que tinha como objetivo encontrar o traficante Rogério 157, no Complexo da Maré, terminou com uma tonelada de maconha apreendida. De acordo com informações da PM, foram recuparados ainda três fuzis M-16 e uma pistola, além de dois fuzis e um pistola de brinquedo. Uma pessoa foi presa. Uma fábrica de bebida clandestina também foi estourada. O traficante pivô da guerra na Rocinha, no entanto, não foi encontrado.

A ação, que teve apoio do Batalhão de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), teve início na manhã desta quinta-feira. Houve registro de uma troca de tiros no momento que os policiais entraram na Favela Nova Holanda. Ninguém ficou ferido.

PEZÃO: GRANDE CERCO

Em Paracambi, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, mencionou a operação contra Rogério 157 no Complexo da Maré ao participar do lançamento da pedra fundamental para a construção da subestação que vai escoar a energia da usina de Belo Monte, no Pará, na Região Sudeste. A unidade está sendo construída pela chinesa State Grid.

– Estamos fazendo um grande cerco. Hoje de madrugada tivemos a informação de que o traficante estava na Maré. Começamos uma grande operação lá. Estamos cercando e vamos trabalhar, contando com a ajuda das Forças Armadas e da Inteligência. Essa parceria para gente é vital – destacou Pezão.

RELATOS DE MORADORES

Mais cedo, pelas redes sociais, moradores relataram o intenso confronto na Maré durante a ação policial. Alguns diziam ter dificuldade para sair de casa e ir para o trabalho. Crianças também não conseguiram ir para a escola.

A movimentação policial no Complexo da Maré A movimentação policial no Complexo da Maré Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
“Bom dia!! Meu Deus que susto!! Estou em casa, minha filha perdeu prova. E nem temos como sair de casa. Que vida”.

“Que Deus guarde a vida de todos. Estava saindo pra trabalhar, voltei do caminho. Não dá pra ir. Aff”.

“Gente tomei um susto… meu esposo abriu o portão pra trabalhar e só escutamos os gritos, olha ele ali e muita bala… coitado entrou branco… só Deus pra nos proteger”.

“Desde 5:30… ninguém merece acordar assim… que Deus proteja todos”.

“Salsa tá tenso, acertaram o retrovisor do vizinho aqui e o cano de água da minha casa. Sacanagem, não é possível, todo dia essa palhaçada”.

“Muitos tiros e gritaria no Pinheiro!”.

“Acordei, cheguei na varanda pra ver o tempo, se dava frio ou calor, me deparei com muito tiro… Só fiz gritar de susto”.

ESCOLAS E POSTOS DE SAÚDE FECHADOS

A violência no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, suspendeu as atividades em escolas e unidades de saúde na região. Segundo as secretarias municipais de Educação e de Saúde, fecharam as portas 37 unidades de educação — 19 escolas, seis creches e 12 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs). As unidades atendem a 14.079 alunos.

Com relação às unidades de saúde, sete das oito localizadas na Maré não abriram as portas. De acordo com a Secretaria de Saúde, elas “deveriam ter aberto às 8h e não foi possível”.

GUERRA NA ROCINHA

Desde o último dia 17, a Favela da Rocinha vive momentos de tensão. Na madrugada daquele dia, um bando de cerca de 60 homens invadiu a comunidade a mando de Antônio Francisco Bonfm Lopes, o Nem da Rocinha. O objetivo de Nem — que está preso — era tomar o controle do tráfico da favela de Rogério, seu ex-aliado.

Na sexta-feira, dia 22, data da entrada das Forças Armadas na Rocinha, parentes de Rogério 157 chegaram a procurar a Polícia Federal para negociar a rendição do traficante. A partir de sábado — quando ele se aliou ao Comando Vermelho (CV) —, a família do criminoso não fez mais contato e a negociação foi interrompida.

Na caçada ao traficante Rogério 157, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, fez uma operação, nesta quarta-feira, no Complexo do Alemão, também na Zona Norte. A ação aconteceu um dia após moradores e policiais denunciarem que ele teria se refugiado no conjunto de favelas após escapar da Rocinha.

Já o bando de Rogério, segundo moradores, estariam escondidos numa gruta na região de mata no alto da favela em São Conrado, para se esconderem do cerco de PMs e equipes das Forças Armadas.

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