A relação entre menopausa, sono, aumento de peso e doença cardiovascular

Estudos mostram que mulheres que dormem mal tendem a engordar e que a gordura abdominal é um risco sério para a saúde

E lá vou eu de novo falar sobre sono! Desta vez, porque trabalho divulgado este mês no encontro anual da Endocrine Society mostra que problemas para dormir podem contribuir para o aumento de peso na menopausa. “Nossa pesquisa aponta que, além da redução do estrogênio no organismo, os distúrbios do sono predispõem mulheres de meia-idade a ganhar peso, ampliando o risco de diabetes e outras doenças”, afirmou a PhD Leilah Grant, pesquisadora do Brigham and Women´s Hospital, ligado à Universidade de Harvard.

As taxas de obesidade aumentam no período da pós-menopausa, mas os especialistas chegaram à conclusão de que a falta do hormônio estrogênio não é o único fator envolvido no processo, já que apenas metade das mulheres engorda significativamente. Como os problemas para dormir também se intensificam nessa fase, foi feita uma experiência durante a qual um grupo de mulheres saudáveis, na pré-menopausa, teve o sono interrompido durante uma série de noites. O resultado era uma redução importante do gasto das gorduras do corpo.

E, como tudo no nosso organismo é interligado, emendo com outro estudo, este da Universidade de Pittsburgh, sobre o ganho de gordura abdominal na menopausa estar associado à doença coronariana. De acordo com o trabalho, publicado na revista “Menopause”, medir a circunferência da cintura pode ser um bom indicador para avaliar o risco cardiovascular feminino. Segundo Samar El Khoudary, professora do departamento de epidemiologia da instituição, “mais importante do que a quantidade de gordura no corpo de uma mulher é onde ela está localizada”.

Centenas de mulheres, com idade média de 51 anos, se submeteram a exames para medir o tecido adiposo visceral, aquele em volta dos órgãos abdominais, e ao ultrassom da carótida. A equipe estabeleceu a seguinte relação: para cada 20% de incremento na gordura abdominal, havia um espessamento de 2% das paredes da carótida, independentemente do peso e índice de massa corporal. O time ainda descobriu que o acúmulo de gordura abdominal se acelerava nos dois anos que antecediam a última menstruação e continuava num crescimento gradual depois disso. “Identificar as que apresentam risco aumentado é o primeiro passo para modificar sua dieta e seu estilo de vida”, declarou a professora. G1