Papa Francisco pede a gigantes da tecnologia que não explorem fragilidade humana

O papa também apelou aos setores das telecomunicações para que, no contexto da quarentena, liberem conteúdos educacionais para que crianças pobres possam receber educação

“Parem de explorar a fragilidade humana, as vulnerabilidades das pessoas, para obter lucros”, escreveu, sobre as companhias do setor.

O papa também apelou aos setores das telecomunicações para que, no contexto da quarentena, liberem conteúdos educacionais para que crianças pobres possam receber educação.

“Aos grupos financeiros e aos organismos internacionais de crédito, que permitam aos países pobres garantir as necessidades de seu povo e perdoar aquelas dívidas que muitas vezes contraíram contra os interesses daqueles mesmos povos”, escreveu.

Francisco disse que é preciso dar aos modelos socioeconômicos um “rosto humano” e pediu aos meios de comunicação que acabem com a desinformação, difamação e calúnia. E completou, afirmando que essas essas empresas não devem incentivar a atração “doentia” pelo escândalo.

As postagens foram muito repercutidas por internautas –só o tweet sobre as gigantes da tecnologia recebeu mais de 23 mil curtidas. Nos comentários, diversos textos em apoio ao posicionamento de Francisco e críticas ao estilo de vida no Vaticano.
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Leia a íntegra do discurso do papa Francisco:

“Devemos dar aos nossos modelos socioeconômicos um rosto humano, porque muitos modelos o perderam. Pensando nestas situações, quero pedir em nome de Deus:
Aos grandes laboratórios, que quebrem as patentes. Realizem um gesto de humanidade e permitam que todo ser humano tenha acesso à vacina.

Aos grupos financeiros e aos organismos internacionais de crédito, que permitam aos países pobres garantir as necessidades de seu povo e perdoar aquelas dívidas que muitas vezes contraíram contra os interesses daqueles mesmos povos.

Às grandes empresas de mineração, petrolíferas, florestais, imobiliárias, agroalimentares, que deixem de destruir a natureza, de poluir, de intoxicar os povos e os alimentos.

Às grandes empresas de alimentos, que deixem de impor estruturas de monopólio de produção e distribuição que inflacionam os preços e acabam por impedir o pão ao faminto.

Aos fabricantes e traficantes de armas, que cessem totalmente suas atividades que fomentam a violência e a guerra, muitas vezes no tabuleiro de jogos geopolíticos, cujo custo são milhões de vidas e deslocamentos.

Aos gigantes da tecnologia, que parem de explorar a fragilidade humana, as vulnerabilidades das pessoas, para obter lucros.

Aos gigantes das telecomunicações, que liberem o acesso a conteúdos educacionais e o intercâmbio com os professores através da internet, para que as crianças pobres possam receber uma educação em contextos de quarentena.

Aos meios de comunicação, que acabem com a lógica da pós-verdade, com a desinformação, a difamação, a calúnia e com aquela atração doentia pelo escândalo e o túrbido; que busquem contribuir à fraternidade humana.

Aos países poderosos, que parem com as agressões, os bloqueios e as sanções unilaterais contra qualquer país em qualquer parte da terra. Os conflitos devem ser resolvidos em instâncias multilaterais, como as Nações Unidas.

Aos governos e a todos os políticos, que trabalhem pelo bem comum. Não ouçam somente as elites econômicas e estejam a serviço dos povos que pedem terra, casa, trabalho e uma vida digna em harmonia com toda a humanidade e com a criação.

A todos nós, líderes religiosos, que jamais usemos o nome de Deus para fomentar guerras. Estejamos ao lado dos povos, dos trabalhadores, dos humildes e lutemos juntos para que o desenvolvimento humano integral seja uma realidade. Construamos pontes de amor.”