Mulher do Mali dá à luz 9 bebês de uma vez: veja perguntas e respostas

Gestações de múltiplos são extremamente raras e aumentam riscos à mãe e aos bebês.

Por Lucas Vidigal, G1

É incomum uma mãe ter gêmeos. Trigêmeos, mais ainda. Casos como o ocorrido com uma mulher do Mali que teve, de uma vez só, nove bebês são extremamente raros e estão associados a maiores riscos de complicações tanto para a mãe quanto para as crianças.

No caso de Halima Cissé, que virou notícia no mundo inteiro após dar à luz nove bebês de uma vez, todas as crianças nasceram com saúde e passam bem, segundo o governo do Mali e a clínica privada marroquina que fez o parto — para dar maior segurança, os dois países africanos concordaram em transferir a mulher para Casablanca, no Marrocos, para o procedimento.

Entretanto, o histórico mostra que na maioria das vezes esses casos de múltiplos bebês de uma só vez geram riscos às mães e aos filhos. Nos registros anteriores de nascimento de nove crianças gêmeas, todas morreram ou no nascimento ou nas primeiras semanas de vida.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre o nascimento de nônuplos no Mali

Um dos 9 recém-nascidos do Mali no Marrocos em foto de 5 de maio de 2021 — Foto: Youssef Boudlal/Reuters

Um dos 9 recém-nascidos do Mali no Marrocos em foto de 5 de maio de 2021 — Foto: Youssef Boudlal/Reuters

Quão raros são esses casos?

Extremamente raros. Tão incomuns que o Guinness Book — o Livro dos Recordes — está avaliando o caso para confirmar que o nascimento dos nove filhos de Halima Cissé representam um novo recorde, segundo a agência Associated Press. O anterior registrado, considerando crianças que nasceram saudáveis, era de oito bebês, em um caso ocorrido nos Estados Unidos em 2009.

Nos últimos 50 anos, dois casos documentados de nônuplos terminaram com a morte de todas as crianças:

  • 1971 — na Austrália, uma mulher de 26 anos deu à luz nove bebês no que se considerou o primeiro caso confirmado de nônuplos no mundo. Sete deles sobreviveram ao parto, mas acabaram morrendo no decorrer de uma semana.
  • 1999 — na Malásia, uma mãe teve nove bebês de uma vez em um caso documentado pela literatura científica. Todos morreram nas horas seguintes ao parto.

Quais os riscos nesse tipo de gravidez?

O médico Gustavo Kröger, especialista em reprodução humana no Hospital das Clínicas de São Paulo, explicou ao G1 que, quanto mais bebês em uma mesma gestação, mais riscos correm a mãe e as crianças ao longo da gravidez e depois do parto.

“Toda gravidez tem um risco. Com gêmeos, esse risco aumenta. Com nônuplos, muito mais”, aponta.

Entre os riscos, estão complicações no útero da mulher — inclusive com perigo de perda do órgão reprodutor — e malformações nos bebês, que poderiam trazer sequelas físicas e mentais às crianças. Segundo o médico ouvido pela agência AP Yacoub Khalaf, professor do King’s College London, o risco de paralisia cerebral “é astronomicamente superior”.

É difícil saber se as crianças malinesas ainda correm riscos porque não foram dadas informações suficientes sobre as crianças, como peso e tamanho. Todas ainda estavam na maternidade no Marrocos nesta quarta.

Até por isso, por precaução, Cissé esteve por duas semanas internada em um hospital do Mali para acompanhamento dos médicos, mas que no fim de março foi transferida para uma maternidade no Marrocos que se encarregou do procedimento de risco.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Por que ficou grávida de 9 bebês?

Não é possível saber isso apenas com as informações divulgadas até agora. O médico Gustavo Kröger explica que casos de gestação de múltiplos bebês são muito raras, mas, quando ocorrem, são mais frequentes nas seguintes situações:

  • Reprodução assistida
  • Gravidez em tardia (depois dos 35 anos)
  • Predisposição genética

Porém, a mãe Halima Cissé teve os nove bebês ainda relativamente jovem: segundo o governo do Mali, ela tem 25 anos. “Acho pouco provável também que ela tenha feito algum procedimento de reprodução assistida”, analisou Kröger.

“Foi um incidente da natureza. Algo extremamente raro”, comentou Kröger.