Anúncio foi feito algumas semanas após governo de Trump limitar número de funcionários de empresas estatais chinesas de comunicação no território americanoO Globo e New York Times
NOVA YORK — Na última escalada de tensão entre as duas superpotências, a China anunciou nesta terça-feira que vai expulsar do país os jornalistas americanos que trabalham para o New York Times, Wall Street Journal e Washington Post. Pequim afirmou ainda que vai exigir que os jornais, assim como a rádio Voz da América e a revista Time, forneçam ao governo chinês informações detalhadas sobre suas operações.PUBLICIDADE
O anúncio, feito pelo ministro de Relações Exteriores, vem algumas semanas depois de o presidente americano Donald Trump limitar o número de chineses trabalhando nos escritórios das cinco empresas estatais de comunicação da China nos Estados Unidos: segundo a determinação da Casa Branca, as companhias só poderão ter um total de 100 funcionários, ao invés dos atuais 160.
A China instruiu que jornalistas americanos “cujas credenciais de imprensa expiram antes do final de 2020” devem “notificar o Departamento de Informação do Ministério de Relações Exteriores dentro de quatro dias corridos”, começando nesta terça-feira. A orientação diz ainda que os profissionais devem entregar as credenciais em 10 dias corridos.
Em seguida, Pequim também especificou que os jornalistas americanos que agora trabalham no país “não poderão continuar trabalhando como jornalistas na República Popular da China, incluindo suas regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau”.
A abrangência da decisão chinesa não foi totalmente clara. Em um comunicado traduzido, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês justificou a medida como resposta aos ataques “impulsionados por uma mentalidade de Guerra Fria”:
“[As decisões] são medidas totalmente necessárias e recíprocas que a China é obrigada a tomar em resposta à opressão irracional que as mídias chinesas estão sofrendo nos EUA. Elas são justificadas e em legítima defesa em todos os sentidos. O que os EUA fizeram foi atacar exclusivamente as organizações de empresas de comunicação chinesas e, portanto, foram impulsionados por uma mentalidade da Guerra Fria e um viés ideológico.”
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo , chefe da diplomacia dos Estados Unidos, pediu para que Pequim reconsiderasse a expulsão dos jornalistas, alegando que a China se beneficia da imprensa livre.
— Isso é lamentável. Espero que reconsiderem — lamentou Pompeo, caracterizando a medida como forma de restringir a atividade jornalística que seria benéfica ao país asiático. — Este tempo global de grandes desafios, mais informação e mais transparência é o que salvará vidas. Globo