Onda de calor: o que é e por que está cada vez mais tão frequente?

Segundo especialistas, é comum haver ondas de calor na primavera, mas elas têm sido mais intensas em razão da crise climática e do El Niño. Dados do Inpe mostram que a frequência aumentou muito.

Por Poliana CasemiroMariana Garcia, g1

Temperaturas altas na madrugada. Dias com calor recorde. O forno que estamos sentindo tem uma responsável: a onda de calor. Mas o que ela significa e por que tem sido cada vez mais frequente? Confira essas e outras dúvidas abaixo.

O que é uma onda de calor?

Segundo especialistas, a onda de calor acontece quando temos uma temperatura acima da média por um período de mais de cinco dias.

Na atual onda de calor, classificada como uma das mais intensas do ano, a temperatura está 5°C acima da média.

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☀️ Quando a onda de calor é mais comum?

A onda de calor é comum todos os anos na “transição” entre a primavera e o verão. O meteorologista Giovanni Dolif, do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden), explica que, nessa época, a Terra já está mais exposta ao Sol com a proximidade do verão.

E as temperaturas altas ocorrem porque é uma temporada sem chuva e, com isso, menos nuvens para impedir a passagem de tanto calor.

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🥵 Se é comum, por que parece que nunca sentimos tanto calor antes?

O que o meteorologista explica é que a onda de calor se junta a dois eventos que estão fazendo a Terra ficar mais quente: o aquecimento global e o El Niño, fenômeno que deixa as águas do oceano mais quentes.

O nosso planeta está mais quente e, com isso, a onda de calor começa já em uma situação em que estamos com a temperatura acima da média. Tivemos o junho mais quente da história. Esse calor em sequência faz com que hoje a gente veja níveis extremos.

— Giovanni Dolif, meteorologista do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden).

E é o que está acontecendo:

  • No domingo (12), o Rio de Janeiro registrou a maior máxima do ano, com 40,4ºC.
  • A semana começou com São Paulo chegando aos 37,7ºC, marcando o segundo dia mais quente da história das medições feitas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1943.
  • Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Rio de Janeiro e Teresina estão com um calor tão intenso que a previsão é de que, nesta terça-feira (14), batam recorde de máxima com 13°C acima da média de novembro.
  • O Inmet colocou 15 estados sob alerta de grande risco pelo calor intenso.

🌍 Ondas de calor estão mais frequentes

Além de ondas de calor mais intensas, estamos vendo isso acontecer com mais frequência. Essa é a quarta vez que ela ocorre no Brasil neste ano e de forma sequencial. As anteriores foram registradas nos meses de agosto, setembro, outubro e em novembro.

O meteorologista do Climatempo Fábio Luengo explica que o planeta mais quente é que faz com que tenhamos mais sequências de dias com temperaturas acima da média – condição da onda de calor – e que isso é resultado das mudanças climáticas.

“O aquecimento global mexe com tudo e bagunça qualquer tipo de evento. Estamos tendo eventos mais extremos e mais frequentes”, explica Luengo.

Os dados mostram que, década após década, aumentou o total de dias do ano sob efeito de ondas de calor. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até os anos 1990, eram sete dias em média. Os dados mais recentes indicam mais de 50 dias de calor atípico em média por ano.

  • De 1961 a 1990: 7 dias
  • 1991 e 2000: 20 dias
  • De 2001 a 2010: 40 dias
  • 2011 e 2020: 52 dias

Os números indicam que houve aumento das ondas de calor ao longo dos períodos analisados, em praticamente todo o Brasil, com exceção da região Sul, uma parte do sul do estado de São Paulo e o sul do Mato Grosso do Sul.