Município paranaense prevê quebra de 80% na safra de soja

Canal Rural

Média dos talhões não passa de 10 sacas por hectare e produtores se queixam que resultado não cobrirá custos com a colheita

No início do plantio da safra brasileira 21/22 de soja, consultorias nacionais e internacionais eram unânimes: o país teria, mais uma vez, recorde de produção. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por exemplo, era um dos órgãos mais otimistas e apontava que o Brasil atingiria 144 milhões de toneladas.

Passados alguns meses e a estiagem castigando a Região Sul, a situação se inverteu, com algumas entidades apontando quebra de mais de 12 milhões de toneladas na produção da oleaginosa a nível nacional. Nesse cenário, um dos locais que foram mais castigados pela seca é o Paraná. Produtores rurais de Marechal Cândido Rondon, no oeste do estado, por exemplo, alegam que os lucros não devem cobrir sequer as despesas com a colheita.Lavoura de soja seca em Mato Grosso do Sul quebra, la niña, estiagem

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

De acordo com o Sindicato Rural do município, as primeiras lavouras colhidas mostraram resultados bem abaixo do esperado. A média dos talhões não passa de 10 sacas por hectare. A produtividade registrada até o momento já é 80% abaixo do que a esperada para esta temporada.

Segundo o presidente do Sindicato, Edio Chapla, o principal fator que causou a quebra de safra foi a forte estiagem no período de desenvolvimento da planta. “Nós tivemos no início do plantio uma janela muito boa. Conseguimos implantar as variedades, todas elas, de acordo com o seu ciclo, na data de melhor exploração do potencial. Porém, depois, tivemos o corte de chuva, então ficamos praticamente 65 dias sem chuva na cultura da soja e isso ocasionou tanto o abortamento de vagens, como a má formação de grãos”, comenta.

Apesar dos desafios e a previsão de continuidade no aumento dos custos de produção em 2022, Chapla segue otimista para a próxima temporada 22/23. “Nossa expectativa é continuar a vida na cultura da soja. Somos agricultores, somos persistentes e precisamos adaptar a realidade para cada safra. A gente tem uma expectativa de continuar investindo, apesar do nosso custo de produção para próxima safra ser mais alto, provavelmente de 30% a mais [do que o registrado em 21/22]. Então, talvez o nosso ganho em relação às outras safras seja em porcentagem um tanto menor”, finaliza. Canalrural