Dólar fecha em forte queda à espera de definição em eleição nos EUA

O dólar fechou em queda acentuada nesta quarta-feira (4), em meio a uma disputa eleitoral muito mais acirrada do que o esperado nos Estados Unidos e com um resultado ainda indefinido após o presidente Donald Trump declarar vitória e afirmar que irá a Suprema Corte mesmo com Joe Biden à frente na apuração. A moeda norte-americana encerrou o dia vendida a R$ 5,6543, em queda de 1,86%. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,6488. Já a Bolsa fechou em alta. 

Com o resultado, a moeda passou a acumular queda de 1,46% no mês, mas alta de 41,01% no ano. O investidores correram nesta quarta-feira (4) para ajustar suas carteiras para um resultado mais apertado e demorado da eleição presidencial nos Estados Unidos do que muitos haviam previsto, após as expectativas pré-eleitorais de uma vitória clara do Partido Democrata tanto na disputa pelo controle da Casa Branca quanto do Senado dos EUA se mostrarem distantes.

Em meio a tantas incertezas sobre o resultado eleitoral, o banco ING afirmou que “uma das poucas coisas que até agora estão claras é que não teremos uma vitória esmagadora dos democratas, como sugeriam as pesquisas, e isso desestabilizou o mercado, que se posicionou para um resultado claro”. Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, destacou a performance superior do real em relação a seus pares emergentes, o que atribuiu à falta de confirmação de uma ampla vantagem de Biden contra Trump — cenário que era projetado por boa parte dos mercados.

Segundo Sidnei Moura Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, “a grande preocupação é com a judicialização do resultado ainda não conhecido, e isto sim poderá estressar muito o ambiente global”. Por aqui, permaneceram as preocupações em torno da trajetória da dívida pública e capacidade do governo de encaminhar um plano crível de recuperação das contas públicas.

As dúvidas sobre como o governo financiaria um programa de assistência social sem furar o teto de gastos têm concentrado as atenções dos investidores locais, que também seguem descontentes com o caminhar da agenda de reformas estruturais. Esse cenário, somado ao patamar extremamente baixo da taxa Selic e a um crescimento econômico fraco, deixam o dólar em alta de mais de 40% contra o real no ano de 2020.

Na agenda de indicadores, a produção industrial brasileira cresceu 2,6% em setembro, na comparação com agosto, cravando a quinta alta seguida e recuperando o patamar pré-pandemia, informou nesta quarta o IBGE. No lado positivo, analistas citavam como promissora a notícia de que o Senado aprovou na terça-feira a proposta que confere autonomia formal ao Banco Central, de forma a garantir que a instituição possa atuar sem risco de interferência político-partidária. O Bradesco disse em nota que a autonomia “deve contribuir para reduzir a volatilidade macroeconômica no Brasil”. A proposta segue agora para apreciação da Câmara dos Deputados.