Aumento da Covid-19 preocupa e Saúde alerta para colapso

Média móvel de casos variou 31% em 21 dias no Estado, enquanto mortes cresceram 6,2% no mesmo período.

Mato Grosso do Sul vive um aumento nos números da pandemia da Covid-19. O Estado teve crescimento de casos, de mortes e de internações nos últimos sete dias, em relação ao período anterior.

Esse crescimento tem deixado as autoridades preocupadas, porque já há hospitais onde a ocupação nas unidades de terapia intensiva (UTIs) chegou a 100% ou está muito próxima disso, o que pode causar um colapso no sistema de saúde.

Segundo dados do governo do Estado, a média móvel de casos desta sexta-feira foi a maior dos últimos 21 dias em Mato Grosso do Sul, passou de 645 no dia 6 de fevereiro para 850 no dia 26. Já em relação à média móvel de mortes, o aumento foi de 6,2% no mesmo período (saiu de 14,4 para 15,3).


As internações também cresceram, em 14 dias passaram de uma média móvel diária de 474 para 594, aumento de 25%.

O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, alertou que esse aumento pode preceder uma situação mais grave: “Nós vamos viver dias terríveis a partir desta semana e gostaríamos de trazer essa preocupação a toda a população de Mato Grosso do Sul”.

“Temos vários indicativos dentro do programa Prosseguir e dentro do boletim epidemiológico que nos chamam muita atenção. Primeiro, a partir da semana passada um acréscimo significativo na média móvel de casos novos. Nós estivemos por vários dias abaixo de 700, geralmente 650 casos por dia, e nossa média móvel nos últimos sete dias já ultrapassa 850 casos por dia. Segundo, nós temos outro dado que nos preocupa, que é a questão das internações hospitalares. O quantitativo de internações chegou 14 dias atrás a 474 pessoas internadas, e no dia de hoje [sexta-feira] temos aqui 594 internados em leitos de UTI ou em leitos clínicos, o que significa 120 a mais. Mais um indicador preocupante é o número de óbitos. Nós tivemos na semana epidemiológica que se findou no sábado passado 83 óbitos, é um número alto, mas menor que o da semana anterior, que foi de 116. Essa semana nós ainda estamos a terminá-la. Amanhã [sábado] nós encerramos a semana de número oito e temos 95 óbitos, ou seja, 12 a mais que na semana anterior. E o número de óbitos dos dois últimos dias nos assombra, faz repensar onde podemos fazer mais alguma coisa. Certamente vamos passar de 100 óbitos nessa semana”, completou o secretário durante a transmissão dos dados do boletim epidemiológico”.

Segundo a médica infectologista Mariana Croda, três fatores podem ter contribuído para o aumento sentido nesta semana: as flexibilizações dos decretos municipais, o feriado de Carnaval e a possível chegada das novas variantes.

“Primeiro, medidas de restrição não foram impostas, mesmo sem diminuição sustentada de óbitos e de casos. Ao contrário, a flexibilização está cada vez maior. O Carnaval pode estar contribuindo, mas em cenário de diminuição do distanciamento e de medidas preventivas, como o uso de máscara, não se pode atribuir só a ele. E, por último, a provável introdução de uma nova variante pode estar relacionada ao aumento, como nos demais estados”, avaliou.

LEITOS
Segundo Resende, a taxa de ocupação de leitos que mais preocupa é a de Dourados, por lá o secretário afirmou que na sexta-feira já não havia mais vagas em UTIs e os pacientes estavam sendo encaminhados para outros municípios. Ele citou o caso de uma puérpera que precisou ser levada para Três Lagoas para ser internada.

Em Campo Grande, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) também voltou a registrar níveis altos de internações, chegando a 100% de ocupação em alguns momentos desta semana. Na sexta-feira, a reportagem do Correio do Estado flagrou quatro ambulâncias paradas na porta do hospital com pacientes para serem internados.

O secretário alertou que o problema está no fato de que, quando houver ocupação total dos leitos disponíveis, não há neste momento possibilidade de ampliação de vagas, já que os profissionais especializados da área estão todos empregados.

“Nos falta aquilo que é essencial, que são os recursos humanos. Nós não temos médicos, não temos enfermeiros, não temos outros profissionais da área de saúde para fazer o manuseio correto desses pacientes. Alguns podem dizer que, se não tem leitos aqui, aqueles mais abastados vão procurar nos hospitais privados. Enganam-se, está faltando leitos nos hospitais privados da Capital. É preciso que aqueles que se aglomeram e que não respondem ao nosso apelo diário reflitam”, pediu Resende. Correio do Estado