Vendas do comércio caem pelo 2º mês seguido e setor fecha 3º trimestre no vermelho

Setor registrou queda de 1,3% em setembro e retração de 0,4% no trimestre, voltando a ficar abaixo do patamar pré-pandemia. No ano, ainda acumula crescimento de 3,8% e nos últimos 12 meses, alta desacelerou para 3,9%.

Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, g1

Sob pressão inflacionária, as vendas do comércio varejista caíram 1,3% em setembro, na comparação com agosto, na segunda retração mensal consecutiva, fechando o 3º trimestre no vermelho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com setembro do ano passado, a queda foi de 5,5% – também a segunda seguida.

O setor fechou o 3º trimestre com queda de 0,4% na comparação com os 3 meses anteriores, após ter registrado crescimento de 2,5% no 2º trimestre.

Com o resultado de setembro, o patamar do setor retrocedeu, voltando a ficar 0,4% abaixo do nível pré-pandemia.

“Depois da grande queda de abril do ano passado, início da pandemia, veio uma recuperação muito rápida que levou ao patamar recorde de outubro e novembro de 2020. Depois tivemos um primeiro rebatimento com uma nova queda forte em dezembro e dois meses variando muito próximo do mesmo nível pré-pandemia, até março, mês a partir do qual houve nova trajetória de recuperação. Desde fevereiro de 2020, o setor vive muita volatilidade”, disse o gerente da PMC, Cristiano Santos.

O IBGE também revisou o resultado de agosto para uma queda de 4,3%, tombo mais intenso que o recuo de 3,1% da leitura inicial.

O resultado veio pior que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que as expectativas eram de recuos de 0,6% na comparação mensal e de 4,25% sobre um ano antes.

Dentre os dez segmentos do comércio varejista, apenas

Perda de fôlego

No ano, setor ainda acumula crescimento de 3,8%. Em 12 meses até setembro, alta desacelerou para 3,9%, contra 5% nos 12 meses imediatamente anteriores, evidenciando a perda de fôlego da economia.

Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, houve queda de -1,3%, depois de avanço de 14,8% no 2º trimestre.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 1,1% em setembro. O acumulado no ano ficou em 8% e o acumulado em 12 meses, em 7%.

O IBGE apontou, ainda, que dentre os dez segmentos varejista (incluindo o ampliado), apenas três apresentaram, em setembro, nível de vendas superior ao que era observado em fevereiro de 2020.

Impacto a inflação nas vendas

Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram retração em setembro, uma teve variação nula e apenas uma teve taxa positiva, mas muito próxima da estabilidade.

As quedas mais intensas foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,6%), Móveis e eletrodomésticos (-3,5%), Combustíveis e lubrificantes (-2,6%).

Já as duas atividades do varejo ampliado registraram queda no mês.

Veja o desempenho de cada um dos segmentos em setembro, na comparação com agosto:

  • Combustíveis e lubrificantes: -2,6%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -1,5%
  • Tecidos, vestuário e calçados: -1,1%
  • Móveis e eletrodomésticos: -3,5%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,1%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 0%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -3,6%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -2,2%
  • Veículos, motos, partes e peças: -1,7% (varejo ampliado)
  • Material de construção: -1,1% (varejo ampliado)

A atividade de maior peso no índice, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou queda de -1,5% nas vendas.

Segundo o IBGE, a escalada da inflação foi fator determinante para a queda das vendas em setembro.

“O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As mercadorias subiram de preço. Em combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a receita foi -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume”, explica Santos.