Uma planta de soja a menos por metro quadrado gera perdas de até 4 sacas/ha

Prejuízo pode ultrapassar os R$ 700 mil a cada mil hectares; atenção à plantabilidade é fundamental

A combinação entre qualidade de sementes e técnicas de plantabilidade é a base para que o produtor colha mais sacas de soja por hectare. Essa é a constatação do pesquisador da Embrapa Soja, José de Barros França Neto.

Segundo ele, estudos indicam aumento de produtividade de 10% em plantios com sementes de alto vigor. Dados da Associação Brasileira de Semente de Soja (Abrass) e da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) mostram que 65% das sementes de soja utilizadas no Brasil são oficiais e certificadas e 35% são sementes salvas, produzidas pelo próprio sojicultor, ou são ilegais.

De acordo com França Neto, em avaliação feita com 2.532 amostras de sementes coletadas em diferentes regiões produtoras ao longo de quatro safras, 45% apresentaram nível de vigor alto ou muito alto, enquanto 55% foram classificadas com índice médio ou baixo.

“Temos um vasto campo para melhorar nossas sementes. É possível ter ganhos de 10% a 15% na produtividade. De graça, o Brasil pode aumentar sua produção em 7 milhões de toneladas. Isso com sustentabilidade, pois não vamos fazer nada de mais”, disse o pesquisador.

Ajustes na plantabilidade da soja

Regulagem da semeadora é essencial. Foto: Divulgação Jacto

Assim como a qualidade da semente é um ponto importante, garantindo a melhor germinação e emergência, com menos tempo e com estande adequado de mudas, a plantabilidade também é um fator decisivo.

O pesquisador calculou as perdas geradas por uma planta de soja a menos por metro quadrado. Assim, cada falha nesse espaço causa perda de 180 a 240 kg de soja por hectare (de três a quatro sacas).

“Considerando o preço da saca de soja em R$ 190, são R$ 70.300 que o produtor deixa de ganhar em 100 hectares ou R$ 703 mil a cada mil hectares”, exemplifica.

Regulagem da semeadora

Para França Neto, outro aspecto que merece a atenção do produtor é a regulagem da semeadora em diferentes condições de palhada no solo, conforme a lavoura anterior.

Desta forma, no caso da semeadura pós-algodão ou em sistemas de integração lavoura-pecuária, por exemplo, com palhada de braquiária, os cuidados devem ser ainda maiores para evitar sementes fora do sulco ou plântulas com crescimento retardado devido à obstrução da palha.

O pesquisador da Embrapa Soja elecou quatro fatores que podem ser considerados os pilares agronômicos para o sucesso da semeadura:

  • Janela de semeadura;
  • Distribuição uniforme das sementes
  • Emergência uniforme das plântulas
  • População correta de plantas.