Filho de Uê é executado com mais de 40 tiros na porta de casa, na Zona Oeste do Rio

RIO – Ediego Constantino Medeiros, de 33 anos, filho do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, foi executado por volta das 21h do último dia 20 com mais de 40 tiros na porta de sua casa, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Uê foi um dos maiores chefes do tráfico do Rio na década de 1990 e foi morto carbonizado a mando de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira Mar, em setembro de 2002. A Delegacia de Homicídios (DH) investiga se seu filho foi assassinado pela milícia que domina a Favela da Carobinha, em Campo Grande, também na Zona Oeste.


Segundo o relato de parentes de Ediego a PMs no dia do crime, ele estava dentro de seu carro — um Fiat Siena — na frente de sua casa, quando um outro veículo emparelhou com o seu. Homens armados saíram do carro e atiraram. Segundo relatório do 14º BPM (Bangu) sobre o ataque, Ediego deu entrada na UPA de Senador Camará com 43 marcas de disparos de arma de fogo. A Secretaria municipal de Saúde informou que Ediego já chegou morto à unidade.

A polícia ainda não tem informações sobre o envolvimento do filho de Uê com o tráfico. Ediego morava coma família na Coreia, favela dominada por uma facção criminosa, e tinha um bar na região. A polícia investiga se o assassinato tem relação com seguidas tentativas de invasão da favela pela milícia.

Em seu perfil no Facebook, Ediego postava várias homenagens ao pai morto. Numa delas, publicou uma foto vestindo camisa com a inscrição “Saudades do meu pai” e várias fotos de Uê. Em setembro de 2017, postou uma foto com a inscrição “Luto”, para lembrar os 15 anos da morte de Ernaldo. Mãe de Ediego e viúva de Uê, Mônica Medeiros lamentou o assassinato do filho: “Meu Deus, como está difícil viver sem meu filho. Não sei se vou aguentar por muito tempo esse sofrimento sem fim”.

A vítima deixa mulher e três filhos — um deles tem o mesmo nome de Uê, Ernaldo.

Uê fundou facção após traição

O filho de Uê não herdou os bens que o pai ostentava antes de ser preso. À época, o chefão morava com os filhos e a mulher numa mansão avaliada em R$ 700 mil no Recreio dos Bandeirantes.

Uê fundou a facção Amigos dos Amigos (ADA) após comandar uma chacina, em junho de 1994, no Morro do Alemão, na Zona Norte do Rio. Na ocasião, foi assassinado Orlando da Conceição, o Orlando Jogador, um dos chefões do Comando Vermelho (CV).

Uê foi morto carbonizado aos 33 anos em 2003 dentro do Complexo de Gericinó por ordem de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

GLOBO