CV mantém um colegiado de presos para articular ações criminosas

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Por Mario Hugo Monken EURIO

Foto: Reprodução

A facção criminosa  Comando Vermelho (CV) mantém há vários anos uma espécie de comissão, conselho ou colegiado, composto por lideranças reclusas no sistema penitenciário cujo objetivo é o planejamento estratégico da organização e sua execução a nível tático, coordenando ações ilícitas executadas por celerados acautelados, ou não”.

Os presos tentam contato extramuros através de visitas íntimas, familiares, advogados e outros detentos que conseguem liberdade, com o objetivo de perpetuar sua ingerência em seus locais de influência”.

A informação consta em um processo que tramita em segunda instância na Justiça contra Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que é apontado no documento (assinado no dia 20 de fevereiro deste anos) como membro da mais alta cúpula do CV, conhecida como comissão, conselho ou colegiado” tendo forte influência do agravante no planejamento estratégico da organização criminosa.

Segundo os autos, mesmo preso há muitos anos, ele ainda atua coordenação da atividade ilícita de seus integrantes, a quem dá ordens referentes à movimentação de pessoas nas comunidades, à contenção territorial, à segurança da facção, ao transporte e disseminação das drogas e à arrecadação e lavagem do dinheiro.

Essas informações serviram de justificativa para que a Justiça fluminense mantenha VP acautelado em uma penitenciária federal fora do Estado do Rio.

“A permanência de Marcio dos Santos Nepomuceno em presido federal se segurança máxima, distante de criminosos pertencentes à sua organização criminosa e de seus locais de atuação faz-se necessária em prol da Segurança Pública, especialmente com o fim de dificultar/impedir o fluxo de comunicações entre presos e aliados e de se evitar possíveis articulações criminosas que possam fortalecer a preponderante atuação do apenado nas atividades da facção criminosa Comando Vermelho”

Marcinho VP está no presídio de Catanduvas, no Paraná. A Justiça do Rio não acolheu a alegação de sua defesa de que ele somente poderia cumprir 1/6 da pena em estabelecimento prisional federal. Também não levou em conta o argumento de que o regime a que se encontra submetido seria similar ao regime disciplinar diferenciado. Isso porque a inclusão dele em regime disciplinar diferenciado constitui uma sanção decorrente da prática de falta grave durante o cumprimento da pena.

Planos de atacar desafetos

Segundo o documento, investigações feitas em 2016 revelaram  a existência de um possível plano organizado por membros da cúpula do CV, além de Marcinho, Elias Pereira da Silva, apelidado de “Elias Maluco”, Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira Mar”,  Adair Marlon Duarte, apelidado de “Aldair da Mangueira”, para assassinar desafetos. Ricardo Chaves de Castro Lima, também conhecido pelos codinomes de “Fu”, “Fu da Mineira” ou “Playboy” também estaria na cúpula da organização.

De acordo com os autos, diversos presos que já estiveram em unidades de presídios federais por anos, ao retornarem ao estado do Rio de Janeiro, exclusivamente por determinação da justiça, tiveram que ser transferidos novamente ao sistema penitenciário federal, pois mantiveram seus status de líderes, e, assim, próximos de seus subordinados, emanavam ordens criminosas com muito mais facilidade e rapidez, gerando instabilidade na segurança pública local e colocando em risco a vida de milhares de cidadãos”.