Baía de Guanabara vira rota de entrada para drogas e armas no RJ

Só no último domingo (22), foram apreendidos mais de 330 quilos de cocaína no local
Baía de Guanabara vira rota de entrada para drogas e armas no RJ
© Pilar Olivares/Reuters

JUSTIÇA TRÁFICO

Além de funcionar como base de embarcações cargueiras, militares e de exploração de petróleo, os portos do país também têm sido alvo da ação de traficantes de drogas. A baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, é um deles. Só no último domingo (22), foram apreendidos mais de 330 quilos de cocaína no local. Em março, em uma única apreensão, foi encontrada mais de uma tonelada e meia da mesma droga.

A baía também é usada por facções criminosas para o transporte de armas, já que, por via terrestre, o percurso seria mais perigoso. “A gente tem diversas investigações que apontam que a baía é usada como rota de fuga de traficantes de drogas e também como fluxo de armamentos entre comunidades que estejam sob o julgo da mesma facção criminosa”, afirmou o delegado da Polícia Civil Marcus Amim.

A constatação sobre o transporte ilícito aconteceu em junho deste ano, quando três homens foram presos tentando levar cinco fuzis para da favela do Chapéu Mangueira, na Zona Sul da capital fluminense, para o Complexo da Maré, na Zona Norte. O trajeto foi feito por um barco pesqueira, e foi interceptado pela Polícia Civil depois de embarcar o armamento.

Para fugir da rota policial e despistar as corporações envolvidas em interceptar o material, os bandidos usam outras alternativas para não serem pegos. “Eles utilizam pequenas embarcações e até jet ski”, relata Amim.

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Monitoramento intensivo

Além da Polícia Federal e da Receita, a Marinha, após o decreto da intervenção, também dá suporte no monitoramento. Nesse caso, com a utilização de radares, a missão é encontrar os barcos usados pelos criminosos. A responsável por conduzir operações navais tem um principal objetivo de combater o tráfico na baía, tanto para o mercado nacional, quanto para o internacional, por meio de um projeto-piloto chamado de SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul).

O sistema, caso der certo, poderá ser implantado em todo o território brasileiro. Ele visa combater qualquer tipo de crimes no mar, desde pequenas embarcações, que utilizam para embarcar drogas e armas, aos cargueiros. O SisGAAz, usado em pelo menos 16 operações desde 2007, também funciona abaixo da superfície do mar. A ideia é que a segunda etapa abrigue outros portos, como o de Santos (SP) e o do Arraial do Cabo, também no Rio.

Tráfico internacional

De acordo com informações do UOL, com relação ao mercado internacional de drogas, os criminosos tendem a encostar pequenos barcos em grandes cargueiros, que estejam ou fundeados na baía ou perto da costa do Rio, e, com o uso de cordas, as mochilas com os entorpecentes são colocadas nos navios. O material é escondido por bandidos infiltrados, que desembarcam os produtos em portos europeus e africanos.

Conforme a inteligência da Marina, normalmente, o transporte é feito no período da noite e as abordagens aos grandes cargueiros acontecem geralmente em áreas mais afastadas da baía. Outra alternativa vista pelos traficantes é esconder a cocaína dentro de contêineres antes que sejam embarcados. Nesse caso, a quantidade é maior do que a que é levada em navios.

Quando a droga consegue se instalar dentro dos navios, a probabilidade de encontrá-la aumenta ainda mais, por causa da quantidade de embarcações maiores que passam pela baía. Com relação aos transportes de armas, o fluxo é menor, se comparado a outras rotas de entrada como o aeroporto internacional e as rodovias, segundo fonte da Receita Federal, que pediu para não ser identificada.