Mesmo com autorização, somente 20% dos restaurantes devem abrir, estima Abrasel

Álcool 70% e distância entre as mesas (somente as que têm cadeiras serão usadas) são medidas para adequação à lei – Bruno Henrique/Correio do Estado

Autorização para abertura de bares e restaurantes não deve afetar a quantidade de estabelecimentos que já estavam funcionando com pegue e leve ou disque-entrega. Conforme a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Mato Grosso do Sul (Abrasel-MS), continuam fechados 80% dos estabelecimentos campo-grandenses, mesmo com decreto.

O presidente da entidade, Juliano Wertheimer, disse ao Correio do Estado que a medida não vai tirar de casa as pessoas que estão confinadas.

Para receber clientes, os estabelecimentos deverão seguir uma série de regras. O prefeito Marcos Trad Filho (PSD) disse em entrevista à TV Morena que elas são duras de propósito para que poucos consigam atendê-las, já que ele só adotou a medida depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) colocou o setor dentro do rol de serviços essenciais.

Contudo, o empresário Hugo Borges não viu problemas em se adequar e vai abrir nesta sexta-feira (27).

Ele já tem termômetro para medir a temperatura dos clientes, álcool em gel e a comida será servida dentro da cozinha e levada até a mesa. Além disso, separou as mesas com a distância mínima exigida pelo decreto, reforçou a higienização dos espaços e continuará atendendo pelo disque-entrega, já que não acredita que terá grande demanda.

“Foi fácil de nos adaptarmos, porém não creio que as pessoas irão voltar porque ainda estão reclusas”, afirma.

Já o chef André Nardo optou em continuar de portas fechadas. “Não faz o menor sentido essa autorização para abrirmos. Primeiro porque você fala que pode abrir, mas por outro lado pede às pessoas que fiquem em casa. Ou seja, não tenho clientes. Se eu tenho restaurante aberto e não tenho fregueses, meu custo só aumenta”, afirmou à reportagem.

Além disso, ele considera que ainda não seja o momento adequado para que as pessoas voltem a circular e trata a falência como algo certo. “O que vou fazer como medida paliativ: bolei um cardápio de delivery. Vou privilegiar um pequeno produtor (na compra de insumos) e vou eu mesmo cozinhar e entregar”, explica.

Porém, ele diz que não se sente confortável expondo os funcionários ao novo coronavírus, sem contar os riscos que ele mesmo corre de expor a família.

CRISE

Wertheimer afirma que a maioria dos empresários que optou em abrir duvida que conseguirá atingir os 30% de lotação permitidos pela lei, a exemplo de Borges.

Desde o início da crise gerada pelo novo coronavírus, que levou a medidas sanitárias de isolamento social, cerca de mil funcionários desse seguimento já perderam seus empregos.

A Abrasel-MS não questiona o isolamento em si, mas cobra do Governo Federal uma atuação a nível econômico que permita remediar as perdas. A entidade quer afastar os funcionários sem remuneração por até três meses e pede que a União banque os salários com seguro-desemprego durante esse período.

O presidente nacional da entidade repassou às filiadas que se reuniu ontem com Bolsonaro e uma Medida Provisória deve sair em breve atendendo os anseios da categoria.

Sobre as medidas sanitárias impostas pelo prefeito, o presidente da Abrasel-MS diz que não são diferentes das orientações repassadas aos empresários do ramo desde o início da crise do coronavírus. correio do estado