Mercado aciona novamente o modo pânico com commodities se juntando ao noticiário do coronavírus.
O Ibovespa cai forte nesta segunda-feira (9) e aciona o circuit breaker em meio à queda de 22,91% do barril do petróleo tipo Brent (usado como referência pela Petrobras) a US$ 34,89, e de 23,4% do barril do WTI a US$ 31,63, segundo informações do portal Infomoney.
O movimento ocorre depois do fracasso no acordo para redução na produção da commodity entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia. A Arábia Saudita anunciou já no sábado que praticará descontos de 20% no preço do barril.
Às 10h24 (horário de Brasília), o Ibovespa registra queda de 10,02%, aos 88.178 pontos, enquanto o dólar comercial sobe 2,98% a R$ 4,7713 na compra e a R$ 4,7724 na venda. O dólar futuro para abril dispara 2,6%, para R$ 4,757. No câmbio, o Banco Central vendeu US$ 3 bilhões à vista em leilão, a primeira oferta spot de dólares desde o início da disparada na cotação da divisa.
Bruno Serra, diretor de Política Monetária do BC, disse que não tem preconceito ou preferência por uso de nenhum dos instrumentos à sua disposição.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 tem alta de 11 pontos-base a 4,54%, DI para janeiro de 2023 reduz alta para 16 pontos-base a 5,67% e DI para janeiro de 2025 sobe 25 pontos-base a 6,43%.
A Bolsa acionou crircuit breaker hoje, suspendendo negociações de ativos por meia hora após uma baixa de 10% no Ibovespa.
Uma vez reaberto o pregão, se houver uma oscilação negativa de até 15%, a interrupção se dá por mais uma hora. Voltando a funcionar, com queda de 20%, ocorre suspensão dos negócios por prazo a ser definido pela Bolsa. Nessa hipótese, a decisão deverá ser comunicada ao mercado. De qualquer forma, na última meia hora de pregão, as negociações acontecerão.
As bolsas de valores dos países do Golfo Pérsico desabaram, junto com as ações da estatal petrolífera saudita Aramco, que caíram 9% na Bolsa de Valores de Riad.
Com a maior queda da cotação desde a Guerra do Golfo de 1991, uma nova fonte de risco se instaura em uma economia mundial já abatida pelo coronavírus, que já tem perto de 110 mil infectados em todo o mundo.
Segundo o Goldman Sachs, a guerra de preços entre Opep e Rússia poderia levar a commodity aos US$ 20. O petróleo Brent pode cair para até US$ 20 o barril e testar os níveis em que alguns produtores podem operar, escreveram analistas como Damien Courvalin em relatório.
O evento muda completamente as perspectivas para os mercados de petróleo e gás, disse o banco, que reduziu as previsões para o segundo e terceiro trimestres para US$ 30 o barril.
“Acreditamos que a guerra dos preços do petróleo da Opep e da Rússia começou inequivocamente neste fim de semana”, disseram os analistas. “O prognóstico para o mercado de petróleo é ainda mais sombrio do que em novembro de 2014”, quando houve a última guerra de preços, já que coincide com o colapso significativo na demanda por petróleo devido ao coronavírus.
Sobre o vírus, a Itália começou o isolamento de 16 milhões de pessoas para enfrentar a epidemia.
As bolsas da Ásia e do Pacífico encerraram os negócios desta segunda-feira em forte queda generalizada. Liderando as perdas na Ásia, o índice acionário japonês Nikkei sofreu um tombo de 5,07% hoje, a 19.698,76 pontos.
O mau humor em Tóquio veio também após revisão do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão, que sofreu contração anualizada de 7,1% entre outubro e dezembro, maior do que a inicialmente estimada.
Na China continental, o Xangai Composto recuou 3,01% nesta segunda, a 2.943,29 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 3,79%, a 1.842,66.
Também no fim de semana, dados oficiais mostraram que as exportações chinesas tiveram uma redução anual de 17,2% no primeiro bimestre do ano, um pouco maior do que o declínio de 17% previsto por analistas consultados pelo The Wall Street Journal.
As bolsas europeias operam em queda bastante acentuada desde a abertura do pregão desta segunda-feira. O índice pan-europeu Stoxx 600 recua 6,49%, a 343 pontos, entrando em “bear market”, ao acumular perdas de mais de 20% desde que atingiu seu pico mais recente.
(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg) CORREIO DO ESTADO