Graves inundaciones dejan más de 114 muertos en Brasil

A chuva em Petrópolis deixou 114 mortos de acordo com as informações mais recentes da Defesa Civil. Não há número oficial de desaparecidos, e são mais de 300 desabrigados. Famílias buscam informações sobre seus entes que ainda não foram encontrados:

Petrópolis tem o maior volume de chuva em 24 h desde agosto de 1952

A soma de 259,8 mm de chuva nesta terça supera a de 20 de agosto de 1952, ocasião em que foram registrados 168,2 mm acumulados em 24 h

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade de Petrópolis registrou nesta terça (15) o maior volume de chuva em 24 horas desde 1952, segundo informações da repartição do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) no Rio de Janeiro. Dezenas de pessoas morreram em decorrência de deslizamentos de terra.

A soma de 259,8 mm de chuva nesta terça supera a de 20 de agosto de 1952, ocasião em que foram registrados 168,2 mm acumulados em 24 h. Segundo o instituto, este último número é de uma estação que funcionou na cidade de 1932 a 1960.

Para se ter uma ideia, para cada milímetro de chuva que cai, o volume equivale um litro despejado por uma área de 1 metro quadrado. Quando se fala em chuva de 50 mm, por exemplo, trata-se de 50 litros de água acumulada em 1 metro quadrado.

De acordo com Marlene Leal, meteorologista do Inmet do Rio, as condições climáticas que causaram o desastre em Petrópolis são muito parecidas com as que causaram o desastre de 2011 na região serrana do Rio de Janeiro, atingindo Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo.

Leal explica que, assim como em 2011, as fortes chuvas se devem à mistura da alta umidade relativa do ar com alta temperatura, somada à frente fria instalada sobre o mar do litoral fluminense e à ocorrência do La Niña.

“A diferença entre 2011 e agora é que desta vez as nuvens de chuva ficaram muito concentradas sobre Petrópolis. A abrangência foi muito menor do que na década passada”, afirma a meteorologista.

O fenômeno natural La Niña se trata do esfriamento das águas do Oceano Pacífico. O La Niña tem como característica o aumento da força do vento e intensidade da chuva na região Nordeste, como visto na Bahia em dezembro de 2021, e seca no Sul.

Esse fenômeno é o oposto do El Niño, que é o aquecimento do Oceano Pacífico e provoca aumento de chuvas no Sul e queda no Nordeste.

Uma das principais características do La Niña é deixar instável a região Sudeste, de maneira que não é possível dizer se haverá muita chuva ou pouca chuva. Essa imprecisão associada a um outro fenômeno chamado de Zona de Convergência do Atlântico Sul pode ter criado um cenário favorável para a chuva de Petrópolis nesta terça.

Essa zona de convergência é uma faixa que vai do noroeste do país até o sul do Oceano Atlântico, passando pelo Sudeste. Esse é o principal sistema causador das chuvas no Centro-Oeste e no Sudeste.

A zona de convergência já vinha causando chuvas intensas na região nos últimos dias, “a zona de convergência não estava bem definida ontem (terça, 15), tudo indicava que a situação era muito pior em Minas Gerais. Daí a surpresa diante da intensidade da chuva concentrada sobre Petrópolis”, diz Leal.

Para Leal, mesmo com os alertas emitidos pelo Inmet e Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a intensidade da chuva concentrada sobre Petrópolis surpreendeu.

Os primeiros alertas eram amarelos, ou seja, indicavam risco potencial de tempestade com possibilidade de chuva de até 50 mm por dia, segundo o sistema Alert-As do instituto.

Para o intervalo de 24 h de 11h desta quarta (16) até 11h desta quinta-feira (17), o alerta se mantém amarelo e soma-se a ele um alerta laranja, mais grave, de chuvas intensas e cujo grau de severidade adotado pelo instituto é de perigo, podendo chegar a 100 mm acumulados em 24 h.