Dólar sobe e fecha a R$ 4,25, próximo do recorde histórico

O dólar fechou em forte alta nesta quinta-feira (30), próximo de seu recorde nominal (sem considerar a inflação), na esteira da forte aversão global a risco por temores relacionados ao coronavírus e seu possível impacto econômico na China. A moeda norte-americana encerrou o dia em valorização de 0,90%, vendida a R$ 4,2574. Na máxima, chegou a R$ 4,2725.

O recorde histórico foi alcançado no dia 27 de novembro do ano passado, quando a moeda fechou a R$ 4,2584. No dia anterior, a moeda norte-americana terminou o dia vendida a R$ 4,2193, em alta de 0,62%. No ano, a moeda já acumula alta de 5,22%.

Coronavírus

Em todo o mundo, investidores temiam as consequências do surto de coronavírus para o crescimento da segunda maior economia do mundo, o que impulsionava o dólar contra boa parte das divisas arriscadas, como peso mexicano, lira turca, dólar australiano e iene chinês. O número de mortos por coronavírus na China já passa de 170 em 18 países.

O receio do mercado é que o surto afete a demanda dos consumidores e tenha impactos mais diretos e abrangentes sobre a atividade econômica, uma vez que o mercado tem na memória a epidemia de SARS de 2002 a 2003, também na China. “O coronavírus realmente está preocupando pelo canal das commodities, já que existe o medo de que a economia da China desacelere”, disse à Reuters Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos. “As commodities estão caindo, os termos de troca estão piorando, e temos vindo de semanas de dados ruins da balança comercial. Nada está ajudando”, completou.

Política monetária

Na véspera, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, decidiu manter inalterada a taxa básica de juros do país, no intervalo entre 1,5?,75%. Juros mais baixos nos EUA estimulam investidores a levar recursos para outros mercados, como emergentes, caso do Brasil – o que poderia ajudar a melhorar o fluxo cambial e valorizar a moeda doméstica.

Por aqui, o Banco Central divulgará no dia 5 de fevereiro vem sua decisão sobre os juros, com analistas esperando um corte de 0,25 ponto percentual, para um novo piso histórico de 4,25%. A Selic está atualmente em 4,50% ao ano. Para o mercado, a sinalização de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira abre espaço para um Banco Central brasileiro inclinado a uma política monetária afrouxada.

Analistas têm afirmado que o movimento de depreciação do real está relacionado à perda de atratividade da moeda como ativo, entre outros fatores, por causa do retorno “extra” oferecido pela renda fixa brasileira em comparação a seus pares, na esteira dos cortes da Selic a sucessivas mínimas recordes. Além disso, o Banco Central anunciou que realizará leilão de swap tradicional na segunda-feira para rolagem do vencimento de 1º de abril.

Fonte: Fiems