Reuters | 13.03.2020 10:32 Visualizar todos os comentários (3)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar registrava ampla queda contra o real nesta sexta-feira, voltando a se aproximar de 4,70 reais após disparar a 5 reais na véspera, com os mercados parando para respirar em meio a estímulos de bancos centrais em todo o mundo.
Às 10:22, o dólar recuava 2,02%, a 4,6889 reais na venda, e na mínima do dia tocou 4,6820 reais, queda de 2,167%. O principal contrato de dólar futuro tinha baixa de 2,04%, a 4,705 reais.
A recuperação do real contra a moeda norte-americana acompanhava o movimento no exterior, com boa parte das divisas arriscadas — como dólar australiano, lira turca, rand sul-africano e peso mexicano — disparando após um dia catastrófico para ativos inseguros na sessão anterior.
Na quinta-feira, o dólar fechou em alta de 1,38% contra a moeda brasileira, a 4,7857 reais na venda, novo recorde histórico para encerramento, e chegou a superar mais de 5 reais na máxima do pregão.
“É simplesmente um acompanhamento do que está acontecendo lá fora”, disse Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, sobre o comportamento do câmbio. “Hoje há uma melhora de ativos de risco e das bolsas”.
A melhora do sentimento em todo o mundo vem na esteira de medidas de diversos bancos centrais para injetar liquidez nos mercados e tentar aliviar o impacto da pandemia de coronavírus sobre a economia. O destaque foi o Federal Reserve, que surpreendeu os mercados na quinta-feira ao inserir 500 bilhões de dólares no sistema financeiro e prometer mais 1 trilhão.
No cenário doméstico, o Banco Central do Brasil recorreu a uma terceira ferramenta de intervenção cambial nesta sexta-feira ao ofertar até 2 bilhões de dólares por meio de leilões de linhas –venda com compromisso de recompra.
Os leilões contemplam dinheiro novo. É a primeira vez que o BC faz oferta líquida de moeda nessa modalidade desde 17 e 18 de dezembro do ano passado.
“O Banco Central tem feito atuações bastante frequentes nos últimos dias”, acrescentou Silvio Campos Neto. “(Essa medida) vai na mesma direção, de fornecer algum suporte e liquidez para os mercados na medida do possível”.
Nesta semana, o BC vendeu dólares à vista e realizou operações de swap cambial tradicional. Desde segunda-feira, já colocou 7,245 bilhões de dólares em moeda à vista, e injetou 10,5 bilhões de dólares este ano via contratos de swap.
Mas, apesar do apoio das autoridades monetárias, “ainda permanece profunda incerteza e volatilidade” nos mercados, afirmou Campos Neto. “Não dá para garantir nem mesmo que essa queda vai continuar até o final do dia.”