Dólar fecha em forte queda após divulgação de texto de Bolsonaro sobre crise institucional

Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana recuou 1,96%, cotada a R$ 5,2233.

O dólar fechou em forte queda nesta quinta-feira (9), após o presidente Jair Bolsonaro divulgar nota oficial lida no mercado como uma tentativa de pacificação entre os Poderes.

A moeda norte-americana recuou 1,96%, vendida a R$ 5,2233. Veja mais cotações. Na mínima da sessão, chegou a R$ 5,1938. Na máxima, alcançou R$ 5,3336.

No dia anterior, com a escalda da crise política, a moeda norte-americana subiu 2,93%, cotada a R$ 5,3276. Foi a valorização percentual diária mais intensa desde 24 de junho de 2020 (alta de 3,36%).

Com o resultado desta quinta, o dólar acumula alta de 1,04% no mês. No ano, o avanço é de 0,70% ante o real.

Cenário

O presidente Jair Bolsonaro divulgou nesta quinta um texto intitulado “Declaração à Nação” no qual afirma que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”. Segundo o texto, “as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de ‘esticar a corda’, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia”.

A divulgação da declaração foi um conselho a Bolsonaro do ex-presidente Michel Temer. Na manhã desta quinta, Bolsonaro mandou um avião para São Paulo, a fim de buscar o ex-presidente para um almoço no qual discutiram a crise institucional.

Uma venda generalizada de ativos brasileiros dominou o mercado doméstico na quarta-feira e cobrou seu preço na taxa de câmbio, conforme investidores estrangeiros e locais se desfizeram de posições em meio a temores de acirramento da crise institucional doméstica e de seus potenciais desdobramentos sobre as contas públicas e o crescimento econômico.

Protestos contra e a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro marcaram o feriado da Independência no Brasil. Os atos aconteceram em meio a embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF), e em um contexto de queda na popularidade e nas avaliações sobre a administração Bolsonaro – e de uma acentuada crise econômica.

Durante os atos, o presidente fez ameaças golpistas, ao atacar o sistema eleitoral brasileiro, integrantes do STF e governadores e prefeitos que tomaram medidas de combate ao coronavírus. Bolsonaro dirigiu os principais ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes – e afirmou que não irá cumprir decisões dele.

As ameaças de Bolsonaro foram repudiadas por governadores e parlamentares, com aumento de apoio a um possível impeachment do presidente.

Em resposta aos ataques de Bolsonaro, o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que “ninguém fechará” a Corte e que o desprezo a decisões judiciais por parte de chefe de qualquer poder configura crime de responsabilidade.

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Bolsonaro volta a atacar o STF e o sistema eleitoral em atos com pautas antidemocráticas

Os investidores também monitoraram o movimento de caminhoneiros e bloqueios de estradas pelo país pelo segundo dia consecutivo em apoio ao governo e contra ministros do STF.

A equipe econômica e o próprio Palácio do Planalto estão preocupados com o risco de o movimento aumentar e causar problemas para a economia. O próprio presidente fez esse alerta em áudio enviado a caminhoneiros na noite de quarta.

Por G1