Covid-19: Bolsonaro ordenou atrasar boletins para não passar em telejornais

Por Emerson Bandeira– 5 junho, 2020

Após a decisão, que foi tomada nesta semana, as informações diárias sobre a pandemia passam a ser divulgadas às 22 horas.

(foto: Sergio Lima/AFP)

(foto: Sergio Lima/AFP)

A ordem para atrasar a divulgação de boletins epidemiológicos sobre a disseminação do novo coronavirus no país partiu direto do presidente da República, Jair Bolsonaro. De acordo com uma fonte no alto escalão do governo, a decisão é permanente e, a partir de agora, a divulgação será apenas às 22 horas.

A estratégia da Presidência é evitar que os dados estejam disponíveis no horário dos telejornais noturnos, período em que as televisões têm maior audiência, pois muitos dos brasileiros estão em casa. Mesmo sem anúncio oficial, a ordem foi dada para que os dados sejam enviados à imprensa apenas no final da noite, mesmo que estejam prontos às 19 horas.

A intenção de atrasar a divulgação dos dados existe desde a gestão do ex-ministro Luís Henrique Mandetta. No entanto, à época, o titular da pasta se recusou a acatar a ordem alegando que geraria forte impacto na resposta a pandemia.

A ordem já começou a valer nessa quinta-feira, quando o país voltou a bater recorde de mortes causadas pela doença. Com 1.473 óbitos contabilizados nas últimas 24 horas, mais de um por minuto e novo recorde diário, o país atingiu a marca de 34.021 vidas perdidas pela covid-19, tornando-se o terceiro em número de mortos. O Brasil registrou, ainda, mais 30.925 casos do novo coronavírus, totalizando 614.941 infectados.

Com Mandetta era às 17h

Na gestão Mandetta, uma coletiva de imprensa era realizada no Palácio do Planalto, todo os dias, às 17 horas. Além de responder a perguntas e dar um panorama da situação, Mandetta levava para o encontro sua equipe técnica.

Esses eventos estão cada vez mais escassos. Atualmente, o titular da pasta é o general Eduardo Pazuello, que não tem formação na área de saúde, nem mesmo experiência no setor. No entanto, ele não resiste as ordens e interferência do presidente, mesmo que contrarie especialistas e o próprio corpo técnico do ministério.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE