46% dos estados têm mais pessoas recebendo benefícios do que trabalhando

O tema da pobreza no Brasil sempre esteve presente nos palanques e nos discursos de políticos dos mais variados partidos e, ao longo de décadas, elegeu um sem-fim de candidatos que prometeram combatê-la mesmo sem terem a menor intenção de fazer isso.

Sem dúvida alguma, prestar assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade financeira é uma medida necessária para amenizar o sofrimento da população, porém, isso deveria ser feito com critérios rígidos, com contrapartida do beneficiário e por um período previamente estabelecido. Mas, ao contrário disso, os programas sociais brasileiros exigem geralmente duas coisas: que as pessoas sejam pobres e que permaneçam pobres.

A verdade é que, entra governo e sai governo, e o discurso de que o problema do Brasil é a desigualdade social permanece o mesmo, quando na verdade, o problema é a pobreza. E a única forma eficaz de se combater a pobreza é promovendo a geração de riqueza, coisa que nenhum governo até hoje se esforçou para fazê-lo.

Enquanto isso, os programas de distribuição de renda vão se ampliando cada vez mais, tanto por meio da criação de mais benefícios, quanto em valor e em número de pessoas atendidas. Segundo levantamentos do Caged e do Ministério da Cidadania, em janeiro de 2022, doze estados brasileiros (46% das unidades federativas) tinham mais pessoas vivendo de benefícios do que trabalhando, sendo quatro no Norte (AC, AM, PA e AP) e oito no Nordeste (MA, PI, CE, BA, PB, PE, AL e SE).

A pergunta que fica é: por qual motivo ou mediante que tipo de incentivo essas pessoas voltariam ao mercado de trabalho, visto que, em diversos municípios, os salários dos trabalhadores são inferiores à soma dos benefícios que elas podem receber sem fazerem absolutamente nada?

A Argentina nos dá a dica de onde tudo isso pode parar. De acordo com a Jefatura de Gabinete de Ministros e a Secretaria de Gestión y Empleo Público, 67,5% dos empregados do país são funcionários públicos. E, segundo dados do Desarrollo Social, publicados pelo jornal La Nación, 25% da população vivem de benefícios governamentais, o que corresponde a quase 12,5 milhões de pessoas. Quem paga a maior parte dessa conta são os 32,5% de trabalhadores empregados na iniciativa privada.

Como nosso presidente é fã da situação política e econômica da Argentina – a qual classificou como “privilegiada” – caso seu governo resolva seguir o exemplo de Alberto Fernández, pelo menos já saberemos de antemão o que nos espera nos próximos anos. Preparemos o bolso, pois Lula não está fazendo nada que não tenha avisado antes, mas que muita gente fez questão de não ouvir.

R7