‘Sem Ciência não há futuro soberano para um país’, enfatiza Pró-Reitora Kely de Picoli Souza

Em entrevista à Assessoria de Comunicação da UFGD, a Pró-Reitora de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa, professora Kely de Picoli Souza, falou sobre vários aspectos da Ciência, em especial a programação do Dia C da Ciência, que será realizado em todo o Brasil. Ela ressaltou a importância da ação como um momento de criação de uma cultura de conscientização do cidadão quanto aos impactos da Ciência na vida das pessoas, bem como de uma prestação de contas à sociedade, que é a financiadora maior das pesquisas no Brasil. Afirmou que é necessário que a população compreenda que “sem Ciência não há futuro soberano para um país” e, que para isso, é necessário um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação forte. Por fim, ressaltou que aquele que faz pesquisa durante sua formação acadêmica desenvolve muitas outras competências, tornando-o mais preparado para o mundo.

Como será a participação da UFGD no Dia C da Ciência?

O Dia C da Ciência será comemorado dia 25 de outubro. É uma oportunidade para que os pesquisadores das universidades, institutos e centros de pesquisa do país todo possam dialogar com a sociedade sobre os produtos da ciência e o quanto isso se relaciona com a vida das pessoas. Os conhecimentos produzidos no Brasil, assim como na UFGD, estão cada vez mais se especializando e atingindo a comunidade científica internacional, mas agora chegou a hora de fazer um caminho complementar, atingir também a sociedade que financia tudo isso. Os pesquisadores da UFGD estarão no dia 25 de outubro nas ruas, explicando o quê fazem e a importância do que fazem para melhorar a vida das pessoas. Não se assustem de nos encontrar nas praças, hospitais, supermercados da cidade.

Esse conhecimento chega à sociedade?

O conhecimento que é produzido pela ciência chega sim à sociedade, às vezes como elementos materiais, como medicamento, alimento, combustível, máquinas, também não materiais, como o conhecimento da subjetividade humana, da cultura, da sociedade e de seus processos civilizatórios que, por sua vez, em muitos casos, deveriam se materializar como bases para políticas públicas do país.

Por que está ocorrendo essa necessidade de prestarmos conta à sociedade sobre ciência?

A maior parte de investimento em pesquisa no Brasil vem do setor público, ou seja, de impostos pagos pela sociedade. Contribuir para que as pessoas tenham clareza do seu investimento é uma prestação de contas justa. Além disso, a população tem que saber qual é o impacto da destruição do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil na vida delas.

De que forma a pesquisa fortalece a formação profissional?

Toda pesquisa dentro da universidade normalmente envolve um acadêmico de graduação e pós-graduação e isso faz toda diferença, a prática da pesquisa na trajetória formativa. O dinheiro investido na pesquisa também gera melhorias na formação dos profissionais formados nas universidades.

Qual o grande desafio da comunidade científica para se aproximar da sociedade?

A comunicação científica é um desafio global. A linguagem da ciência precisa atingir cientistas e provavelmente continuará cada vez mais especializada, mas a linguagem que buscamos no Dia C da Ciência é a da comunicação científica, aquela que consegue atingir os cidadãos e fazer sentido. Sempre fica a ideia de que eu vou perguntar para um pesquisador o que ele faz e eu não vou entender. Nos ajude a mudar isso, vamos dialogar neste dia 25 de outubro.
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E qual a principal programação para o Dia C?

Nós teremos uma tenda principal na praça Antônio João, e grupos espalhados por toda a cidade: Shopping Avenida Center, Parque dos Ipês, HU, supermercados, bancos e outros. Durante o dia todo, nossos pesquisadores, alunos de iniciação científica, mestrados e doutorados apresentarão seus resultados e materiais de pesquisas de diferentes áreas. A ideia é fazer com que as pessoas saiam dali identificando a entendendo várias pesquisas feitas na UFGD, e, em especial, a importância delas para melhoria da qualidade de vida das pessoas. Está sendo um desafio organizar tudo isso, a equipe é pequena, mas está totalmente comprometida e tem recebido o apoio maciço dos pesquisadores da instituição. Antecipadamente já agradecemos a todos os envolvidos.

Falando em ciência, em pesquisa, como estão os investimentos na pesquisa no Brasil?

Os investimentos para a Ciência têm despencado desde 2013 e, 2018 parece que será ainda pior se nada for feito. Editais de pesquisa têm diminuído, o pagamento dos projetos aprovados tem sofrido cortes e atrasos, projetos institucionais de infraestrutura têm deixado de acontecer. Até o principal apoio para os programas de pós-graduação, diretamente ligados ao desenvolvimento das pesquisas no Brasil, vindo da CAPES, caiu de 1 milhão para 400 mil nos últimos anos na UFGD, um corte de 60%. No Estado, a agência de fomento Fundect, em 2017, ainda não lançou nenhum edital de financiamento amplo à pesquisa, como o Universal, o Biota e o Educa-MS, que nos últimos anos tem sido essenciais para a manutenção de pesquisa ativa no Estado. Isso é gravíssimo, pois a Fundect é uma agência fomentadora importante para manter a pesquisa em funcionamento no MS nas diferentes áreas do conhecimento. Dentro das ações positivas, temos a manutenção de bolsas do Programa Demanda Social da CAPES, da FUNDECT, do CNPq, com destaque para nossos 16 doutorandos da UFGD com bolsa sanduíche no exterior financiados pela Capes. Só da CAPES a UFGD recebe mensalmente 222 bolsas de mestrado, 99 bolsas de doutorado e 19 bolsas de pós-doutorado, somando 8 milhões/ano. São ações fundamentais que precisam ser reconhecidas, em especial, para serem mantidas.

E internamente, o que a UFGD tem feito para a pesquisa e pós-graduação?

Primeiro, a UFGD tem buscado valorizar seus pesquisadores, docentes e técnicos, alunos de iniciação científica, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e professores visitantes da pós-graduação. Em termos de recursos financeiros para a Pesquisa, temos realizado o Programa Apoio ao Pesquisador, totalmente por meio de edital, e o Programa de Apoio ao Pesquisador Ingressante. Junto à pós-graduação temos apoiado financeiramente a vinda de colaboradores externos, palestrantes para o ENEPEX e algumas viagens de grupos de alunos da pós-graduação para eventos científicos. Juntamente com isso acompanhamos o investimento do PROAP-CAPES junto aos programas.

E temos novidade ainda para este ano?

A grande novidade 2017 foi, sem dúvida, o avanço trazido pelo novo regulamento de apoio financeiro à pesquisa na UFGD que nos permitiu investir todo o recurso destinado à pesquisa em projetos de pesquisa realmente. Com ele buscamos estimular e efetivar a geração de produtos de excelência, muitos deles têm contribuído para efetivarmos o objetivo de internacionalização da UFGD. Mas ainda temos uma novidade, edital “Pesquisador UFGD”, é só nos acompanhar. Para 2018, pleiteamos mais recursos e contamos com todos os pesquisadores para investi-lo com eficiência.

Para finalizar, gostaria que você falasse do projeto Pesquisador Iniciante.

Quando chegamos à Universidade temos a oportunidade em nos dedicar à pesquisa juntamente com as outras atividades de docência, extensão e administração. Nós queremos potencializar esse perfil que é selecionado para que ele continue dando oportunidades dentro da UFGD. Criamos o Programa de Apoio ao Pesquisador Ingressante que prevê uma bolsa, um auxílio financeiro de estímulo à pesquisa, para o pesquisador e uma bolsa de iniciação científica. Essa fixação é crucial para a renovação futura dos programas de pós-graduação da UFGD, bem como para alavancarmos as áreas ainda não consolidadas. A pesquisa sempre foi o diferencial das melhores universidades públicas do Brasil e tem sido também da UFGD. Recentemente, mais dois programas foram conceituados como de excelência na UFGD recebendo conceito Nota 5 da Capes. Portanto, os produtos gerados e as pessoas formadas estão em nível de excelência. O caminho é desafiador, mas temos a certeza de que que estamos no rumo certo.

Folha de Dourados

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