Inflação acima da meta em 2017 sinaliza alta dos juros

Mário Sérgio Lima, da Bloomberg
O Banco Central do Brasil sinalizou que está pronto para retomar os aumentos das taxas de juros em janeiro ao projetar que a inflação permanecerá acima da meta do banco, de 4,5 por cento, nos próximos dois anos.
A inflação cairá para 4,9 por cento até o fim de 2017, contra 10,8 por cento neste ano, mesmo com a autoridade monetária aumentando a taxa básica de juros de 14,25 por cento para 14,75 por cento, disse o BC em seu relatório trimestral de inflação, nesta quarta-feira.
O Comitê de Política Monetária (Copom), liderado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, havia projetado em setembro que a inflação cairia para 4,6 por cento no terceiro trimestre de 2017.
A autoridade monetária está tendo dificuldades para conter os maiores aumentos nos preços ao consumidor em mais de uma década sem piorar ainda mais a recessão.
A retração, combinada com a turbulência política e com a troca do ministro da Fazenda na semana passada, provocou uma corrida para venda nos ativos brasileiros e a piora das expectativas de inflação, porque os traders estão questionando a capacidade e a disposição do governo para conter os gastos.
O BC “adotará as medidas necessárias para garantir” que a inflação caia para 4,5 por cento em 2017, segundo o relatório. A autoridade monetária vê “sinais claros e significativos” de que o balanço de riscos da economia piorou.
Os traders estão apostando que o BC elevará sua taxa de juros básica para 17 por cento até o fim do ano que vem, mostram as taxas de swap. Os swaps de taxas de juros sobre os contratos que vencem em janeiro de 2017 caíam 3 pontos-base, para 15,86 por cento, às 10h06, pelo horário local.
‘Dedo no gatilho’
“O Banco Central está com o dedo no gatilho para elevar as taxas”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil. Ele prevê que a taxa Selic será elevada a 14,75 por cento na próxima reunião de política monetária no dia 20 de janeiro.
O Copom elevou a taxa básica em sete reuniões seguidas até deixá-la em 14,25 por cento em setembro. Desde então, a inflação anual subiu para 10,7 por cento em meados de dezembro.
A recessão econômica também se aprofundou: o produto interno bruto encolheu 1,7 por cento no terceiro trimestre.
O BC projeta que o PIB cairá 3,6 por cento neste ano, contrariando a estimativa anterior do banco, de queda de 2,7 por cento, divulgada no relatório de setembro.
A economia encolherá mais 1,9 por cento em 2016, segundo a autoridade monetária.