‘Esquema de cafetinas’ envolve políticos de Mato Grosso do Sul

Polícia diz que mulheres marcavam encontros por telefones celulares.Gaeco prendeu temporariamente suspeita de 41 anos em Campo Grande.
Ao investigar um suposto esquema de exploração sexual que envolve políticos de Campo Grande, a polícia chegou a três mulheres que possivelmente agenciavam os encontros com adolescentes. Apenas uma delas, uma suspeita de 41 anos, foi presa temporariamente pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo a Polícia Civil, mãe, filha e uma terceira pessoa atuavam como cafetinas e marcavam os encontros apenas por telefone celular.
“Anterior a esta investigação, nós já tínhamos uma denúncia, pelo disque 100, contra estas três mulheres e as evidências ficaram ainda mais fortes quando realizamos buscas sobre este caso. Elas residem no bairro Moreninhas e lá nossa intenção era primeiro descobrir se existiam mais pessoas envolvidas e quem eram os clientes”, afirmou ao G1 nesta sexta-feira (13), o delegado Paulo Sérgio Lauretto, titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e o Adolescente (Depca).
Conforme o delegado, a linha de investigação da Polícia Civil estava sendo realizada de forma diferente do Gaeco. “Após a denúncia do Fabiano Otero, nós instauramos o inquérito e estamos realizando diligências. Porém, nesse meio tempo, o Gaeco pediu a prisão temporária da mulher de 41 anos e isso esvaziou a nossa investigação. Este fato ocorreu no final do mês de setembro e no início de outubro nós pedimos o arquivamento do inquérito”, explicou Lauretto.
Por parte do Gaeco, o inquérito policial corre em segredo de Justiça. A informação divulgada é apenas que a delação premiada foi pedida por Fabiano Otero.
Em depoimento, ele colaborou com as investigações e foi a pessoa quem apontou o possível envolvimento de cafetinas neste esquema. Fabiano ainda foi indiciado por corrupção de menores, extorsão e exploração sexual de adolescentes.
Audiência
Em julho deste ano, durante a 1ª audiência do caso de exploração sexual envolvendo políticos do Estado, seis testemunhas prestaram depoimentos. Na ocasião, os ex-vereadores Alceu Bueno, Robson Martins e o ex-deputado estadual Sérgio Assis acompanharam a sessão, mas não prestaram depoimento. O advogado de Alceu Bueno deixou o fórum sem falar com a imprensa. A defesa de Sérgio Assis não atendeu às ligações.
O promotor Fernando Martins Zaupa, da 69ª Promotoria de Justiça, disse que todas as testemunhas confirmaram o esquema de exploração. Mas ele não deu detalhes sobre a audiência, já que o processo corre em segredo de justiça. Segundo o advogado de Martins, José Roberto Rosa, nenhuma novidade sobre o caso foi apresentada. “Não vieram fatos novos”, ressaltou. A defesa disse que uma nova audiência será marcada, já que parte das testemunhas convocadas não compareceu.
Zaupa relatou que as jovens foram coagidas a participar do esquema, com vantagens sendo oferecidas. “Já temos provas satisfatórias”, pontuou. Outros fatos relacionados sobre o caso estão sendo analisados.
Esquema
Locais públicos de Campo Grande eram usados como pontos de encontros entre adolescentes e políticos, suspeitos de exploração sexual, conforme a polícia. As meninas gravavam os encontros em câmeras escondidas em chaveiros. Pelos relatos de Fabiano Otero, um dos chefes do esquema, foi verificado que elas cobravam cerca de R$ 600 por encontro.
O advogado do Fabiano Otero disse que não irá se pronunciar porque o processo está em segredo de justiça. Já Martins foi preso em flagrante com o empresário Luciano Pageu no dia 16 de abril quando entregavam dinheiro a Bueno. Otero foi preso na casa da mãe no dia 26 do mesmo mês. A defesa de Luciano Pageu alega que o cliente não teve participação no crime de exploração sexual.
Bueno renunciou ao mandato de vereador em 26 de abril. No dia 28 de maio, o Tribunal de Justiça (TJ-MS) concedeu liberdade provisória para Robson Martins, que solto na noite do mesmo dia. Ele estava preso no Centro de Triagem Anísio Lima, em Campo Grande.
Em 4 de maio, a Justiça aceitou a exploração sexual. Os dois ex-vereadores e o ex-deputado estadual são réus. O processo corre em segredo de justiça, desde o dia 30 de abril, para preservar as adolescentes envolvidas, conforme os termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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