Caminhoneiros endurecem o discurso e prometem nova paralisação

Amanhã acontece uma reunião em Francisco Beltrão que vai envolver outras entidades e será criado o Conselho de Transportadores do Sudoeste.
Oito meses após a greve de caminhoneiros que parou o Brasil e posteriormente dividiu a categoria, lideranças de caminhoneiros alinham o discurso, voltam a endurecer contra o governo e já acenam para uma nova paralisação espontânea nos próximos dias. Amanhã, acontece uma reunião em Francisco Beltrão com o objetivo de criar o Conselho de Transporte do Sudoeste. Janir Bottega, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Francisco Beltrão e região, disse na última quarta-feira (21) durante reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados criada para acompanhar a paralisação nacional dos caminhoneiros, que o conselho englobará associações, cooperativas, sindicatos e outras entidades de transporte para fortalecer e dar mais credibilidade.
Bottega afirma que durante a paralisação de fevereiro os caminhoneiros foram os maiores perdedores, mas ressaltou que a cada dia que passa a insatisfação aumenta. Apesar de dizer não ser favorável a uma nova paralisação, ele afirma não ter como impedir que a greve seja retomada e que a paralisação poderá ser legitimada pela necessidade dos caminhoneiros. Bottega afirmou ainda que com as idas e vindas a Brasília, acordos, e promessas levadas aos caminhoneiros, porém, sem serem cumpridas, o fórum de debates estaria perdendo a credibilidade.
“A nossa palavra não vai impedir uma nova paralisação. Quando a subsistência está em jogo acabou, é a última defesa”, afirmou.
Bottega disse aos parlamentares que já há focos isolados de paralisação no Rio Grande do Sul.
“Muita coisa a gente não levava a sério nos últimos dias, mas agora começou um foco aqui e outro ali’, declarou.
A revolta dos caminhoneiros pode se alastrar e desencadear uma paralisação nacional sem precedentes.
Para o líder dos caminhoneiros, o governo tenta convencer de que fez o dever de casa, mas não há nada de concreto.
“Infelizmente mais uma vez nós, como representantes dos caminhoneiros, somos obrigados a vir aqui dar o recado à comissão, ao próprio fórum, que também com o mesmo objetivo luta para não ter mais paralisação, mas, infelizmente, o recado precisamos dar: o governo lá fora não aguenta mais”, afirmou.
Ele diz ser “vergonhoso” o que está acontecendo dentro do transporte rodoviário de carga por não haver uma regulamentação.
O caminhoneiro Idair Parizotto, que também integra a diretoria do sindicato, afirmou que o governo vem “enrolando” os caminhoneiros desde fevereiro e a categoria está indignada com a situação. Segundo ele, nas reuniões que ocorreram em Brasília o governo vem com “tapinhas nas costas”, mas de concreto nada aconteceu. Ele não descartou a possibilidade de ser decidido ainda nesta semana uma nova paralisação.
Comando Nacional
Ivar Schmidt, do Comando Nacional do Transporte, entidade que comandou a paralisação de fevereiro no Brasil, é mais radical e diz que haverá paralisação não só em favor dos caminhoneiros, mas de toda a população brasileira. Em vídeo postado na internet, ele diz que o movimento agora é pelo Brasil. Ele convocou caminhoneiros de todo o Brasil para irem a Brasília para dar o pontapé inicial das manifestações. O Comando Nacional do Transporte se uniu a outros movimentos como o “Revoltados Online” em protestos pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A partir de amanhã, eles prometem aos poucos tomar conta de Brasília e não há uma data para encerrar os protestos. O comando chegou a criar uma “vaquinha online” para arrecadar recursos para promover a paralisação nacional. “Precisamos lutar para recuperar a dignidade que um dia já nos pertenceu para podermos andar de cabeça erguida novamente”, afirmou o Comando Nacional do Transporte em comunicado enviado aos caminhoneiros pelas redes sociais.
Pelas redes sociais, caminhoneiros de todo o Brasil se manifestam favoráveis à paralisação e já começaram a contribuir financeiramente para que ela aconteça.
“Paramos em casa, lá ninguém nos obriga a viajar, vamos nos valorizar, não deixar a polícia bater na nossa cara e ficar com os méritos de herói”, escreveu o caminhoneiro Airton Vetorello, do Rio Grande do Sul. “Nosso trabalho não vale nada, só taxação em cima dos caminhões. Temos de mostrar nossa força com ordem e respeito, pois nossa classe é de pessoas de bem e de respeito, mas vejo uma luz no fim do túnel, nossa união”, afirmou Silon Duarte, de Curitiba.
As informações são da Gazeta do Paraná.