Antes de virar ‘pesadelo da casa própria’ em MS, golpista deixou ‘rastro’ no Paraná

Casal do Paraná vive dilema na busca pelo criminoso, que está solto,

A esperança de restabelecer o prejuízo sofrido nas mãos de um estelionatário, de extensa ficha criminal, fez um paranaense de 34 anos procurar o Jornal Midiamax para relatar o dilema vivido nos últimos anos. Léo Lemos Lopes e a esposa, moradores de Fazenda Rio Grande, no Paraná, foram vítimas do mesmo estelionatário que usou o ‘sonho da casa própria’ para fazer diversas vítimas em Campo Grande. Identificado como Maciel Batista dos Santos, o criminoso que continua solto deixou um ‘rastro’ na região metropolitana de Curitiba antes de ser condenado em setembro de 2016, pelo juiz Odilon de Oliveira.

Léo, que hoje trabalha em uma empresa privada, conta que passava por uma crise financeira quando caiu no golpe. À época, o golpista se apresentou como dono da construtora MB Santos e propôs assumir a dívida do carro das vítimas em troca do pagamento de uma carta de crédito, já contemplada. Em Campo Grande, a construtora tinha o nome de Casas Campo Grande.

“O carro modelo Gol foi entregue a Maciel em agosto de 2014, e nós começamos a pagar a carta de créditos todo mês, com a promessa de que haveria retorno do valor ou um outro carro, afinal, eu precisava do carro para trabalhar. Ele, então, me ofereceu um Megane e eu aceitei, detalhe, o carro está comigo até hoje. O problema é que no período de agosto a dezembro de 2014, o financiamento do carro não foi pago e nenhum acordo na financeira foi feito”.

Na mesma época, o paranaense chegou a se encontrar com Maciel na cidade de Ponta Grossa (PR) e foi informado de que a financeira estava irredutível e não queria aceitar acordo. Mesmo assim, continuou o pagamento e quitou a carta no mês de fevereiro de 2015, mesmo período que perdeu o total contato com a empresa MB Santos e também com o estelionatário.

Como não há nada tão ruim que não possa piorar, a situação do casal se agravou quando descobriu que o verdadeiro dono do Megane foi outra vítima e também não havia sido paga por Maciel. O estelionatário tinha prometido a construção de uma casa pelo Megane, que nunca pagou. “Depois que o encontrei em Ponta Grossa ele enrolou, enrolou e está assim até hoje. Eu fui atrás do verdadeiro dono contei a história e ele quis receber todo o valor a vista, como não tinha condição o processo de pagamento foi parar na Justiça e, ainda, pago por isso”, desabafa.

Mesmo após ele ser impedido de firmar novos contratos pelo Judiciário, outras vítimas seguiram procurando a polícia diariamente. A delegada Fernanda Félix, à época, a frente na Dedfaz (Delegacia Especializada em Repressão a Crimes de Defraudações e Falsificações) chegou a pedir a prisão, que foi indeferida pelo Judiciário.

O ‘empresário’ também respondia a uma ação penal, na Justiça Federal, movida pelo Ministério Público. O processo tratava de estelionato, falsidade ideológica e crimes contra o sistema financeiro nacional. No último termo, a suspeita é de envolvimento com lavagem de dinheiro. Com outras quatro pessoas, Maciel foi apontado como acusado no processo, que já estava na fase de sentença, que foi dada pelo juiz Odilon de Oliveira, da 3ª Vara Federal.

A condenação se resumiu em 3 anos e 3 meses de reclusão, em regime aberto, já que o entendimento é de que os crimes não são de grave ameaça e nem qualificam risco à vida de outrem. Além de custear uma multa de R$ 18 mil, restrições nos fins de semana, devendo permanecer por 5 horas aos sábados e domingos em casa de albergado ou em delegacia de polícia durante o período de condenação e prestar serviço comunitário.

Porém, nada disso foi cumprido, pois Maciel estava solto e sumiu novamente. Na mesma época, o juiz determinou bloqueio das contas do empresário, além de autorizar a quebra de sigilo bancário. Por fim, foi determinado a proibição de novos fechamentos de contratos.

Busca

Vítima de um criminoso, Léo revela que o carro pego por Maciel já chegou a 27 multas. As duas últimas ocorreram em Campo Grande, época que ele começou a fazer golpes no Mato Grosso do Sul. Umas das multas, em 25 de março de 2015 ocorreu na Avenida Costa e Silva próximo ao Terminal Morenão, e a última no dia 15 de setembro de 2015, na Avenida Gunter Hans próximo a Rua do Cabo.

Léo pontuou que entrou na Justiça contra o goslpita e a ação já está em fase de sentença, porém que um advogado de Maciel no Paraná, tem dificultado o andamento do processo. “Ele disse que perdeu o contato com o cliente”. O Jornal Midiamax tentou contato com o suposto advogado, mas as ligações não foram atendidas.

Já a advogada de várias vítimas em Campo Grande, Márcia Aleixo, afirmou à reportagem, que a última vez que conseguiu contato com a defesa de Maciel no Paraná, há cerca de seis meses, foi informada de que o advogado havia deixado o caso, pois nunca teria sido pago.

Segundo ela, dezenas de representações criminais estão paradas com o sumido de Maciel. “Os inquéritos não andam. Algumas causas nós já ganhamos, mas não vamos receber, ele não tem nada no nome”, finalizou a advogada.MIDIAMAX