Soja: Colheita tem ritmo ditado por chuvas

A primeira quinzena de janeiro chegou ao fim marcada por chuvas acima da média em grande parte do Brasil, como destaca a consultoria AgRural. Na maioria das regiões, a umidade favorece o desenvolvimento da safra de soja, mas ela também tem atrapalhado o início da colheita. Até a última sexta-feira (15), apenas 0,5% da área brasileira de soja estava colhida, contra 1,1% no ano passado e 0,7% na média de cinco anos.
Em Mato Grosso, maior produtor da oleaginosa do país, 1,7% da área foi colhida, ante 3% há um ano. Mas as chuvas que dificultam o início da colheita favorecem a soja tardia. “Como o plantio começou com atraso e teve ritmo irregular devido à escassez de precipitações, o Estado ainda tem poucas áreas prontas. Por isso, a colheita deve ganhar ritmo mesmo só em fevereiro”, explica a analista Daniele Siqueira.
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Em Lucas do Rio Verde, médio norte do Estado, os trabalhos estão lentos e os primeiros lotes estão saindo com até 20% de umidade. Em Sinop, ao norte, áreas afetadas pela seca estão rendendo de 35 a 40 sacas por hectare. Em Sapezal, no oeste, a produtividade dos primeiros talhões varia de 42 a 60 sacas.
No Paraná, o segundo maior produtor, os agricultores do sudoeste e do oeste aproveitaram as aberturas de soja desta semana para colocar as colheitadeiras em campo. Mas os trabalhos ainda estão muito no início e apenas 0,3% da área de soja do estado está colhida, contra 1,3% há um ano. No oeste, alguns produtores afirmam que o excesso de chuva alongou o ciclo. Nos Campos Gerais e Guarapuava, onde o plantio é mais tardio, a umidade e dias mais quentes têm favorecido o aparecimento de doenças.
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No Sudeste, as chuvas também estão atrapalhando o início da colheita. No sul paulista, há produtores que já começaram a dessecar as primeiras áreas, mas a alta umidade impede a entrada das máquinas para colher. No Triângulo Mineiro, as primeiras áreas de pivô começaram a ser colhidas, mas o índice estadual ainda não chega a 1%. Em talhões de sequeiro, a colheita deve começar no fim do mês.
Em Goiás, as precipitações frequentes dificultam os trabalhos. No sudoeste, devido à previsão de mais chuva para a próxima semana, produtores que comprometeram parte da safra para entregar em janeiro devem encontrar dificuldade para cumprir os contratos. Em Mato Grosso do Sul, não há relatos de perdas de produtividade, apesar das chuvas intensas. As lavouras prontas ainda são raras e há apenas reportes pontuais de colheita no sul do estado. Em Dourados, há relatos de talhões que estenderam o ciclo devido à alta umidade.
Depois do começo de safra problemático, o Matopiba voltou a receber boas chuvas.
No Piauí, áreas não replantadas devem render 35 sacas, mas talhões semeados em janeiro poderão apresentar bons resultados se a chuva se prolongar até abril. Na Bahia, as primeiras áreas estão em formação de vagem e as chuvas não conseguiram recuperar a soja do cedo plantadas em sequeiro. Nas áreas atingidas pela estiagem, alguns estimam colher entre 20 e 30 sacas.
No outro extremo do país, no Rio Grande do Sul, a semana foi de pancadas esparsas e temperaturas elevadas, em contraste com o excesso de umidade do começo da safra. A previsão é de chuva apenas para o fim da próxima semana. Se o tempo mais quente e seco persistir além do previsto, plantas em fase reprodutiva que estão com o sistema radicular superficial podem sofrer estresse hídrico.
Diário de Cuiabá
Autor: MARIANNA PERES
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