Juízes saem de férias após homologar delação e decretar prisão de André e Lama Asfáltica patina

Edivaldo Bitencourt, do blog O Jacaré

A 3ª Vara Federal de Campo Grande está sem juiz titular há dois meses. O juiz substituto Fábio Luparelli Magajewski homologou a delação premiada do empresário Ivanildo da Cunha Miranda, 59 anos, e saiu de cena até o início de 2018, ao emendar férias e licença para fazer curso. Nomeado para sucedê-lo, o juiz substituto Ney Gustavo Paes de Andrade decretou a prisão preventiva do ex-governador André Puccinelli (PMDB) e, pasmem, também entrou de férias e só retorna após o recesso de fim de ano.

Enquanto isso, a Operação Lama Asfáltica, maior ofensiva contra a corrupção na história de Mato Grosso do Sul, patina na Justiça Federal. Só para ter noção da grandiosidade da operação, são 79 investigados, três bloqueios que totalizam R$ 303 milhões e apuração de desvios na casa de centenas de milhões.

Logo após a aposentadoria do juiz federal Odilon de Oliveira, que se declarou suspeito para comandar a investigação, a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) e o Fórum Estadual de Combate à Corrupção pediram pressa ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região na definição do novo responsável pela vara, que já bloqueou R$ 2 bilhões em dinheiro e bens dos chefões do crime organizado e do narcotráfico no Estado.

Agora, justamente ao enfrentar o que seria uma das maiores organizações criminosas responsáveis por desviar R$ 315,3 milhões dos cofres públicos, conforme a Polícia Federal, a Justiça Federal engasga.

Em maio deste ano, o TRF3 designou o juiz paranaense Fábio Luparelli Magajewski, como substituto da 3ª Vara Federal especializada no Combate à Lavagem de Dinheiro e, automaticamente, responsável pela condução da Lama Asfáltica.

Ele ficou no lugar da juíza substituta Monique Marchioli Leite, que ao cobrir alguns dias de férias, decretou a Operação Máquinas de Lama, 4ª fase da Lama Asfáltica, que levou ao bloqueio de R$ 100 milhões dos investigados. Ela ainda foi a responsável por fixar fiança de R$ 1 milhão e pela colocação de tornozeleira no ex-governador, aclamado presidente regional do PMDB no sábado.

Luparelli ficou com a espinhosa missão de analisar a proposta de colaboração premiada de Ivanildo, que foi operador financeiro de Puccinelli e do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB). O magistrado ouviu o empresário, analisou a proposta e homologou o acordo de delação premiada em 14 de agosto deste ano.

Bombástica e reveladora, porque o empresário conta nos detalhes como era o suposto pagamento de propina, carregada em dinheiro vivo em caixas e mochilas, a delação caiu como mais uma bomba para minar o sonho do peemedebista em retornar ao cargo de governador.

Na véspera da 5ª fase da operação, resultado do depoimento de Ivanildo da Cunha Miranda, Luparelli entrou de férias e conseguiu licença para fazer um curso. Ele só deve retornar ao trabalho no início do próximo ano.

O TRF3 designou Ney Gustavo Paes de Andrade para substituir Luparelli na condução da Lama Asfáltica de 10 de outubro deste ano até 10 de janeiro de 2018. O jovem juiz empolgou-se com o material explosivo em mãos, decretou a prisão de André Puccinelli e do filho, o advogado e professor universitário, André Puccinelli Júnior.

Andrade presidiu a audiência de custódia do ex-governador, do filho e dos advogados João Paulo Calves e Jodascil Lopes Gonçalves no dia 14 do mês passado e entrou de férias. A prisão afundou ainda mais a reputação do ex-governador e colocou o magistrado na mira dos amigos, de lideranças do PMDB e outros aliados.

Ney Gustavo, que chegou a viralizar nas redes sociais como a versão pantaneira de Sérgio Moro, saiu de férias em meados de novembro. O Jacaré apurou que ele vai emendar o descanso remunerado com o recesso de fim de ano e só deve voltar ao trabalho em 10 de janeiro.

O terceiro substituto é o juiz Rodrigo Boaventura Martins, que negou pedido dos investigados para desbloquear os bens. Com base nas operações anteriores e com o TRF3 e STF dificuldade ao máximo a decretação de novas prisões, o substituto do substituto do substituto não deve ter muito trabalho até o Natal.

Há um mistério envolvendo a 3ª Vara Federal, responsável pela Lama Asfáltica. Uma coisa é certa, o juiz encarregado pela operação vem sendo fuzilado diariamente pelas principais lideranças do PMDB e pelos aliados do peemedebista. Só vai ser reconhecido se declarar a inocência.

Outro fato notório é a juventude dos magistrados diante da banca experiente de advogados. Só para citar dois, André e o empresário João Amorim, dono da Proteco, contrataram os advogados mais famosos e caros do País para defendê-los nos tribunais superiores. Segundo a revista Veja, Antônio Mariz e Alberto Zacharias Toron cobram até R$ 10 milhões por causa.

Além disso, também, os magistrados de primeira instância não tem encontrado apoio no TRF3, em São Paulo. O desembargador Paulo Fontes revogou, mediante liminar, a maioria das prisões determinadas pelos juízes substitutos. Assim como Gilmar Mendes, ele não só manda soltar, como tece críticas à condução da Lama Asfáltica, por se arrastar por muito tempos em concluir as investigações.

Só uma prisão preventiva, decretada em maio do ano passado, contra Edson Giroto e Amorim, não foi suspensa pelo TRF3. Eles ficaram 42 dias e só conseguiram a liberdade graças ao ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal.

Sem querer entrar no mérito, para infelicidade dos envolvidos na Operação Lava Jato, não se tem notícias, até o momento, das férias de Moro, no Paraná, e de Marcelo Bretas, no Rio de Janeiro.

No entanto, o objetivo não condenar o juiz por usufruir um benefício legal e sagrado, as férias. Mas que é muita coincidência, isso não há a menor dúvida.

As cinco fases da Lama Asfáltica

Pilar de Pedra, em 9 de julho de 2015, apurou desvios de R$ 11 milhões

Fazendas de Lama, em 10 de maio de 2016, apontou prejuízos de R$ 43,1 milhões aos cofres públicos. O valor foi corrigido e elevado para R$ 67,3 milhões pelo MPF.

Aviões de Lama, em 7 de julho de 2016, encontrou indícios de lavagem de R$ 2 milhões

Máquinas de Lama, em 11 de maio deste ano, verificou provas de irregularidades na aplicação de R$ 150 milhões

Papiros de Lama, em 14 de novembro de 2017, acusou desvio de R$ 85 milhões

PUBLICIDADE.
Também atendemos via WhatsApp
(67) 99265-9023 Chame-nos

Um Ano e feito não apenas de Dias,Semanas,Meses mas da Colaboração de todos aqueles que estão Empenhados no sucesso de uma Ideia,Um Sonho Um Objetivo Um Negócio!

Nossos mais Sinceros Votos de Boas Festas e Feliz Ano Novo, São os Votos da Família CompuShop Importados e Caliza Boutiq!