Polícia indicia 6 e divulga novo vídeo do rompimento de barragem em GO

Fazendeiro não tinha licença para construir represa, segundo delegado.
Água invadiu GO-070, que ficou interditada por quase um mês, em Itaberaí.
A Polícia Civil indiciou nesta quinta-feira (7) seis pessoas pelo rompimento de duas represas em uma fazenda de Itaberaí, região central de Goiás. Segundo a investigação, o dono da propriedade não tinha licença ambiental para construir a barragem. Um vídeo divulgado pela polícia mostra o momento do incidente (assista acima).
As imagens foram gravadas por funcionários que trabalhavam na construção da represa. No vídeo é possível ver um caminhão caçamba que levava material para aumentar o aterro da obra, que, segundo a polícia, comprova que o dono da fazenda tentava fazer reparos na construção. Em seguida, uma erosão se forma e a barragem se rompe e a água atinge a GO-070, que teve trecho destruído.
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Segundo o delegado Luziano de Carvalho, da Delegacia de Meio Ambiente, além de ilegal, a obra teve falhas na elaboração e na execução do projeto. De acordo com ele, o dono da fazenda fez o pedido de licença para prefeitura, que não autorizou a obra.
“Como ficaram faltando documentos, esta licença não saiu. A represa foi construída sem a devida licença”, afirmou.
A barragem se rompeu no último dia 20 de fevereiro. Segundo o Corpo de Bombeiros, durante o rompimento da barragem, o fluxo da água se sobrepôs à estrada, mas ninguém se feriu. O trânsito no local ficou interditado por alguns dias, mas já está liberado nos dois sentitos da rodovia.
O dono da propriedade, dois funcionários da obra e um engenheiro foram indiciados por crime ambiental. Um segundo engenheiro foi indiciado por exercício ilegal da profissão. Eles podem pegar de 6 meses a 3 anos de prisão. Além do indiciamento, o fazendeiro recebeu uma multa de R$ 185 mil.
Além deles, o secretário de Meio Ambiente de Itaberaí, Mauro Antônio de Castro, foi indiciado por crime de omissão. Segundo o delegado, ele não teria fiscalizado a construção da represa. Já o secretário afirmou em nota que não foi informado do indiciamento e que o município não tem responsabilidade da licença e fiscalização da barragem que se rompeu.
O dono da fazenda informou que apenas o filho dele poderia falar sobre o assunto. O G1 tentou contato por telefone, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) informou que o local foi investigado e os engenheiros vão ser ouvidos para concluir a investigação do conselho.