No lugar de alvenaria, galpão de eucalipto virou morada rústica de gaúcho

Família escolheu o lugar como endereço que parece uma viagem de volta no tempo.
De longe, galpão feito de eucalipto chama atenção e gera curiosidade. (Foto: Goga Penha)
Foram dois anos para a construção dos sonhos. Depois, mais dois para Rauli Pellizari aproveitar a nova morada. Ele foi o único e último morador do enorme galpão que virou residência e um atrativo em Bonito. O lugar chama atenção pela rusticidade e tamanho. A curiosidade de quem passa, é saber os motivos que levaram alguém a erguer o galpão nos moldes antigos.
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Construído por Rauli em 2012. A fachada é vista por cima do muro, com quase cinco metros de altura. Inspirada na arquitetura colonial italiana, comum no Rio Grande do Sul, o lugar foi projetado por ele e feito com eucalipto por toda parte.
Rauli era gaúcho e mais um apaixonado por Mato Grosso do Sul. Morou no Estado por 30 anos até o falecimento, aos 62 de idade construiu o espaço pelo gosto rústico e o desejo de levar uma vida tranquila, lembrando a cultura da família sulista e italiana.

Esse era Rauli, o gaúcho que valia o bigode, segundo a esposa. (Foto: Arquivo Pessoal)
“Ele tinha muitos planos para o próximo ano. Queria levar grupos de Campo Grande para visitar o galpão e ter um lugar para quando se aposentasse. Ele sempre quis um lugar tranquilo para viver”, conta a esposa Janete Sinzato Vital, de 61 anos, sobre o marido que faleceu em agosto deste ano.
Ela e o marido viveram ali depois que o lugar ficou pronto. Com dois pavimentos, a parte de cima é semelhante a um sótão. Lá, ainda estão os pertences do casal. Tem cama, ventilador, prateleiras e objetos antigos que eram guardados por Rauli.
Uns minutos dentro do galpão e é como voltar no tempo. Não pela estrutura que parece recém construída, mas pelas antiguidades, tomadas pela poeira e esquecidas no tempo. Rauli fez do galpão um verdadeiro museu, o que para ele era o mais encantador no “Galpão Chama de Bonito”, batizou.
Rauli era conhecido por ser homem forte e ter um coração bondoso. “Era a pessoa mais íntegra e de palavra que eu já vi na minha vida. Alguém bastante difícil de encontrar nos dias de hoje”, declara a esposa.
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Subindo às escadas, uma pequena sala de estar com objetos antigos e decoração rústica feita por Rauli. (Foto: Goga Penha)
O marido morreu depois de fazer uma cirurgia para retirar pedra na vesícula. Janete ainda busca palavras que possam explicar a partida tão repentina e fala da saudade que ficou para trás. “Ele só deixou saudades da pessoa incrível que ele era. Mas Deus não quis que ele voltasse. Ficou um tempo internado e não teve jeito. Agora só Deus o tem”, lamenta.
Janete conta que a história de amor começou há 19 anos, quando ela era guia de turismo na cidade. “Comecei fazendo algumas viagens e também sou assistente social aposentada. Nossa história é até engraçada, nos conhecemos no supermercado”, conta rindo. “Ele estava no caixa comprando macarrão e eu com farinhas de trigo. Nos falamos ali. Sinto que era para ser ele e foi a parte mais maravilhosa”, recorda.
Durante o tempo que compartilharam juntos, Janete conta que nunca houve desavença. Foram anos de felicidade e amor. “Nunca tivemos um dia de briga nesse tempo. Acho que pela qualidade única, era daqueles homens que valia o bigode, como o pessoal de antigamente falava”, conta.

Sem uso, quarto que era do casal, está tomado de poeira. (Foto: Goga Penha)

No quarto ainda tem parte dos pertences do casal. (Foto: Goga Penha)
No galpão, cada detalhe tem um pedaço da força de Rauli. “Foi tudo da cabeça dele. De um jeito bem rústico, como ele amava. Desenhou o galpão e o fundo que lembra casas antigas do sul”, diz Janete.
Rauli gostava de uma vida simples. Tecnologia passava longe. Nos fundos do galpão construiu uma adega feita de pedra e uma cozinha rústica, toda em barro. Comida, era feita só no fogão à lenha, lembra.
“Era o que ele tinha vontade. Nunca quis cozinhar no fogão a gás. Foi ele quem fez e tirou o barro ali do quintal. Fez o acabamento do jeito mais rústico. Gostava de assar porco e pão muitas vezes. Até a comida tinha gosto diferente. Fez um redondo para tachos maiores e outro fogão para apoiar as comidas quando estivessem prontas. Churrasco era feito na vala, sempre que tinha festa”, descreve.
Os objetos antigos vieram com o tempo. Na adega, há mais antiguidades do que vinhos. Maioria são garrafas vazias, mas guarda um verdadeiro tesouro em objetos de ferro, moedores de café, panelas e até uma variedade de máquinas de costura, que Janete nem tem noção do tempo.

Poço artesiano dentro da adega feita de pedra. (Foto: Goga Penha)

Panelas de ferro na cozinha rústica. (Foto: Arquivo Pessoal)

Coleção de máquinas de costura. (Foto: Goga Penha)
“A gente foi ganhando as coisas. Ele queria mesmo fazer um museu. Nosso plano era catalogar tudo e colocar o nome das pessoas que presentearam. Com o tempo, contar a história de algumas peças. Tem chaleira ali que é do tempo da escravidão”, acredita.
Pela beleza e rusticidade, o lugar virou atrativo e ganhou olhares para eventos. Rauli e Janete por várias vezes deixaram as portas abertas para a alegria. “A gente sempre ocupava para as festas. Ele gostava muito de receber e estar com as pessoas. Já teve aniversário, casamento e reunião. Apesar de moradia, ele queria que o espaço fosse algo diferente para as pessoas conhecerem”.
Mas depois da partida, o destino do Galpão Chama Bonito ainda é incerto. Janete entregou o imóvel aos filhos e não sabe o que vai acontecer. “Passei o Galpão para eles (filhos) que vão cuidar ou vender. Espero que não acabe. O lugar é lindo e conta uma história bonita. Vale a pena lembrar a importância do Rauli”, torce.

Espaço interno do galpão ocupado em confraternizações. (Foto: Arquivo Pessoal)

Os músicos ficam lá em cima e dá para ter uma noção do tamanho. (Foto: Arquivo Pessoal)
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