Ponta Porã vai perder empresa que oferece 300 empregos diretos

Ponta Porã vai perder empresa que oferece 300 empregos diretos
Isso porque a greve dos fiscais aduaneiros está dficultando os despachos na fronteira.
Por: Tião Prado
P.informa

Sede da Receita Federal em Ponta Porã.
Foto: Tião Prado (Pontaporainforma)
Sede da Receita Federal em Ponta Porã.
Foto: Tião Prado (Pontaporainforma)
A greve no setor de aduana da Receita Federal de Ponta Porã prossegue e, além da demora no atendimento aos caminhoneiros que vai de 8 até 30 dias , outro fator preocupante esta assustando os empresários e despachantes aduaneiros que é a migração de grandes empresas para outros locais e até o fechamento de empresas que operam na fronteira.

A reportagem do site Pontaporainforma ouviu empresários e despachantes aduaneiros, os quais entraram no local com os caminhões no inicio do mês de abril tendo data de saída no mês de maio, ou seja, quase 30 dias de espera.

Nesta quarta-feira, dia 18, a reportagem foi até a sede da Aduana, que funciona em anexo ao prédio da Receita Federal, verificou-se que estão trabalhando na Aduana de Ponta Porã apenas dois funcionários e semana que vem, deverá ficar apenas um dos quatro funcionários que prestam serviços no local, porque os demais assinam o ponto como greve e vão embora.

Segundo informações de uma pessoa que pediu para manter seu nome no anonimato, a única aduana em que a greve está realmente de fato acontecendo é de Ponta Porã, onde os funcionários são os famosos ‘xiitas’, ou seja, estão cumprindo o que determina a liminar conseguida pela categoria junto a justiça Federal, que é de trabalhar apenas 30 % do quadro.

Outra questão levantada é que as grandes empresas, aquelas que poderiam ser afetadas pela greve uma vez que exportam grande quantidade de mercadorias e produtos, estão migrando com sua estrutura e caminhões para os portos de Guairá, Santa Helena e até Foz do Iguaçu no Paraná, onde os caminhões cédulas verdes, ficam no máximo três dias e os demais, de 8 a 14 dias.

Informação importante recebida é de que com o fato dos funcionários da Aduana estarem cumprindo rigorosamente a proposta de greve, algumas empresas locais estão deixando de comprar produtos das fábricas brasileiras e estão comprando da China, visto que esses produtos chegam pelo porto de Assunção e vem para Pedro Juan Caballero, no Paraguai, em carretas. Fato é que além dos produtos serem mais em conta, a demora é muito menor e em pouco tempo esses produtos já estão nas lojas.

Carretas estacionadas na frente da Receita Federal de Ponta Porã;
Foto: Tião Prado (Pontaporainforma)
Carretas estacionadas na frente da Receita Federal de Ponta Porã;
Foto: Tião Prado (Pontaporainforma)
Percebe-se que quem realmente está tendo problemas com a Aduana local são os pequenos e médios importadores e exportadores, uma vez que eles não possuem condições de ‘migrar’ para outros portos e tem que ficar a mercê dos servidores da Aduana de Ponta Porã.

Um funcionário disse que hoje a situação da Aduana é horrível porque a falta de um estacionamento fechado com guarita e guarda prejudica ainda mais o trabalho, sendo que muitas vezes os funcionários tem que deixar o que esta fazendo de lado e ir até o pátio verificar se o caminhão que esta na nota está lá mesmo, se a carga esta certa, e isso demora o que ocasiona o atraso no serviço.

Uma das empresas que opera em Ponta Porã, a Importadora Alemax, hoje esta com 12 caminhões parados na Aduana e com expectativa para serem liberados apenas no mês maio. O proprietário informou ao Pontaporainforma que estará encerrando os trabalhos em Ponta Porã e vai se mudar para Guaira ou Fóz do Iguaçu. Com a mudança da Alemax, cerca de 300 funcionários perderão o emprego direto e indiretos, ocasionando prejuízos na arrecadação de impostos, tanto para o estado como também para o Município de Ponta Porã.

O empresário Alexandre Reichardt de Souza, proprietário da Alemax, informou que a exportadora compra nas indústrias do Brasil, sendo que a mercadoria chegando em Ponta Porã, é feito os trâmites legais e vendida para o Paraguai. ” Mercadorias que era para girar a cada 05 dias, chegará daqui um mês até minha loja para que eu possa vender; as indústrias reclamam que não estamos conseguindo vender, sendo que em vários locais essa greve vem acarretando desemprego e no Paraguai começa a faltar piso e argamassa de fabricação brasileira e quem está se beneficiando é a Argentina que agora começa a por no mercado paraguaio essas mercadorias”, afirmou o empresário, ressaltando que a mais prejudicada é a fronteira Ponta Porã/Pedro Juan Caballero, lembrando que em Foz do Iguaçu a mercadoria fica parada no máximo uma semana, sendo impossível trabalhar dessa forma como está acontecendo.

Alexandre Reichardt lembrou que faz 02 anos que a fronteira vem sofrendo com a greve da Receita Federal, afirmando que de uns meses para cá, a situação tem se agravado com uma maior demora na liberação dos caminhões. “Para se ter uma ideia, dia 05 de abril entrou 12 caminhões com produtos para minha empresa e pessoalmente fui até a Receita para ver que dia que iam liberar esses caminhões, sendo que fui informado que os caminhões estão na fila e que os processos agora giram em torno de 30 dias, portanto antes do dia 05 de maio não serão liberados”, afirmou o empresário, lembrando ainda que 12 caminhões parados, significam 12 motoristas parados e que a situação é realmente complicada.

Alguns servidores questionam que a falta de estrutura da Aduana é uma questão politica, porque, conforme disse um funcionário: ‘se a prefeitura fazer a doação de uma área para construção de uma nova aduana fora do centro da cidade e o governador, deputados Federais e senadores fizerem pressão, certamente este projeto sairá do papel e todos estarão ganhando com esse projeto’.