Especialista defende ampliação do uso da maconha medicinal

O médico chileno destacou os avanços que vários países da região alcançaram nos últimos anos em relação ao uso medicinal da maconha.
A Fundação Daya lidera uma grande plantação de cannabis para uso medicinal em Quinamávida.
Foto: AFP
Santiago – A comunidade médica deve romper paradigmas e avançar no uso da maconha em doenças como o câncer, além do uso da erva como paliativo para a dor, disse nesta quinta-feira, em Santiago do Chile, Javier Peraza, especialista espanhol em cannabis medicinal.
Em uma conferência da Fundação Daya, encarregada da maior plantação legal de cannabis na América Latina destinada ao uso medicinal, no Chile, Peraza, que é vice-presidente do Observatório Espanhol de Cannabis Medicinal, ressaltou os benefícios da planta e a necessidade de se avançar na regulação do seu cultivo.
“A cannabis não deveria ser utilizada como último recurso, mas como recurso inicial, porque estamos falando de uma substância muito pouco tóxica”, disse o especialista à AFP.
“Não existe nenhuma morte documentada por overdose de cannabis e hoje não existe nenhum medicamento do qual se possa dizer o mesmo”, acrescentou.
Peraza reconheceu que o mundo vive uma “fase de conflito” em relação à maconha e que está passando de uma etapa na qual a planta era identificada com o vício em drogas para uma na qual o seu grande potencial terapêutico é reconhecido.
“Além de aliviar a dor, o cannabis tem um potencial muito importante como estimulante do apetite”, e a perda de peso é um dos fatores fundamentais que encurta a sobrevivência, apontou o especialista, que considera que este efeito da planta é fundamental para tratamentos oncológicos e de Aids.
O médico destacou os avanços que vários países da região alcançaram nos últimos anos em relação ao uso medicinal da maconha, mas afirmou que “há um emaranhado econômico e de interesses que faz com que o avanço seja mais lento que o desejável”.
A Fundação Daya lidera uma grande plantação de cannabis para uso medicinal em Quinamávida, 350 km ao sul de Santiago, onde foram semeadas 6.400 plantas de 16 variedades.
A iniciativa acontece em meio a um forte debate no Chile pela descriminalização da maconha. Hoje, o consumo privado da erva é permitido mas a venda, ilegal.
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